sábado, 23 de agosto de 2008

Bactérias cometem suicídio para ajudar as companheiras


Comportamento visa eliminar micróbios concorrentes e facilitar infecção


EurekAlert.org

Bactérias Salmonella (em vermelho) atacam tecido humano

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL FOLHA

Sacrificar-se pelo bem comum pode ser um conceito humano, mas essa forma extrema de altruísmo também existe em bactérias: algumas delas se matam para facilitar a infecção pelo resto da colônia. Cientistas no Canadá e na Suíça explicaram agora como isso é possível.
O fenômeno biológico é conhecido como "cooperação autodestrutiva". Para que esse comportamento esteja codificado nos genes dos seres vivos é preciso que apenas uma parte dos portadores resolva se matar pelo bem dos outros. Os pesquisadores chamam o mecanismo capaz de mediar essa diferenciação entre duas populações de "barulho fenotípico".
O genótipo de um ser vivo é o seu conjunto de genes; já o seu fenótipo são suas características determinadas tanto pelo genótipo quanto pelo ambiente em que ele vive.
"Nós usamos expressão barulho fenotípico para nos referirmos à observação de que organismos geneticamente idênticos vivendo no mesmo ambiente às vezes mostram variações fortes nas suas propriedades biológicas", disse à Folha o chefe do estudo, Martin Ackermann, do Instituto de Biologia Integrativa, de Zurique, Suíça.
"Essa variação é presumivelmente uma conseqüência de processos celulares ao acaso que têm um papel em determinar a expressão dos traços biológicos", acrescentou o pesquisador suíço.
Se há um traço no genótipo dos seres vivos que a seleção natural, motor da evolução biológica, tenderia a fazer desaparecer é a predisposição ao suicídio. No entanto, há vários casos de seres vivos -mesmo mamíferos- que se sacrificam ou cooperam para o bem comum da colônia apesar de não reproduzirem.

Genes autodestrutivos
"Um dos pontos principais do nosso artigo é identificar as condições nas quais os genes para o auto-sacrifício voltado à produção do bem comum podem persistir e não serem eliminadas pela seleção natural", disse o pesquisador.
A equipe demonstrou experimentalmente o papel do "barulho fenotípico" em camundongos infectados com a bactéria Salmonella typhimurium.
A presença de outros micróbios no intestino do camundongo atrapalha a infecção pela bactéria. Para eliminar a concorrência, parte das bactérias ataca o tecido intestinal e causa uma inflamação -morrendo no processo.
"Para resumir, nós identificamos duas principais condições. Primeiro, há indivíduos que carregam esses genes, mas não expressam o comportamento autodestrutivo. E, em segundo lugar, esses indivíduos portadores do gene e que não expressam o comportamento precisam se beneficiar mais do bem comum do que indivíduos sem esses genes", disse.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ouro nas Olimpíadas

Maurren Maggi conquista a primeira medalha de ouro do atletismo feminino brasileiro nas Olimpíadas.


Do blog do nassif

Andre Araujo
Perdemos a oportunidade de ter tido uma outra medalha de ouro quando a excelente Fabiana Murer foi surpreendida com a absurda falta de seu instrumento fundamental, a vara de salto, algo inconcebivel em uma Olimpiada. A atleta teve que protestar, discutir,entrar em choque com o juri, o que evidentemente a desestabillizou e ainda teve que saltar com outra vara e não aquela com a qual tinha feito todo seu treinamento. Seria como se na prova de Hipismo trocassem o cavalo do Rodrigo Pessoa.
E aonde estava o COB nessa hora, a quem caberia o protesto ou requerer o adiamento da prova? Não era a atleta quem deveria brigar, era o comando da nossa delegação. Esse COB consegue ser pior que a CBF, ineficiente, inutil, carissimo, arrogante, nunca está presente quando deve, são meros desfrutadores de mordomias a um custo estratosférico para o País. Com uma pequena fração do que gasta esse COB, que conseguiu multiplicar por dez o orçamento do PAN, quantas vocações de atletas no vasto Brasil são seriam incentivadas?
O patrocinio privado dá conta de atletas já destacados mas muitas crianças e adolescentes poderiam despontar se tivessem o apoio inicial, muitos não tem nem o dinheiro da condução para treinar. O episódio da Fabiana Maurer foi chocante e não se viu qualquer perturbação do COB, parece que não estão nem ai, a preocupação deles é com as verbas e com as conexões politicas em Brasilia.

Novo "antibiótico" trata doença sem matar bactéria


Brasileira nos EUA é co-autora de descoberta


IGOR ZOLNERKEVIC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma equipe de 15 pesquisadores publica hoje na revista "Science" a descoberta do que promete ser um tipo revolucionário de "antibiótico". Entre aspas, porque, a rigor, a substância é um antiinfectivo.
"O nosso "antibiótico" não é tóxico para a bactéria", explica uma das autoras do estudo, a brasileira Vanessa Sperandio, da Universidade do Texas (EUA). Em vez de envenenar bactérias, como todo antibiótico faz, as moléculas do estudo grudam na superfície delas, evitando que percebam que estão dentro de um organismo e que está na hora de atacá-lo.
Algumas bactérias são como cães; atacam quando "farejam o medo". Elas percebem que estão dentro do corpo de um hospedeiro quando sentem a presença dos hormônios responsáveis pelo estresse, a adrenalina e a noradrenalina, que também controlam a imunidade.
"Já ouviu falar que quando estamos estressados é mais fácil ficarmos doentes? Quanto mais adrenalina e noradrenalina no corpo, mais rápido a bactéria produz suas toxinas ou penetra as células", diz Sperandio. "Se a bactéria não sente os hormônios, o sistema imunológico consegue se livrar dela tranqüilamente."
Esse "farejador de hormônios" existe em pelo menos 25 bactérias que atacam humanos. "São todas as bactérias que causam diarréias sanguinolentas", explica Sperandio.
Ela investiga o mecanismo do "olfato" dessas bactérias desde 1997. Em 2003, Sperandio e seus colaboradores notaram que era possível "entupir o nariz" dos microrganismos com uma molécula apropriada.
Depois de três anos analisando 150 mil moléculas, uma por uma, encontraram a molécula chamada de LED209 -que "enganou" três espécies em laboratório. "Também conseguimos tratar animais -coelhos e camundongos- infectados com pelo menos duas das bactérias que estudamos", diz.
O fato da LED209 impedir as bactérias de provocarem doenças sem eliminá-las é "um marco importantíssimo", comenta a microbióloga Roxane Piazza, do Instituto Butantan.

Resistência
Segundo Sperandio, as bactérias resistem hoje a quase todos os antibióticos que existem. Isso por causa da maneira como agem esses remédios. "Suponha que um antibiótico mate 10 bilhões de bactérias do seu corpo, mas dez delas sobrevivam. Essas bactérias resistentes serão a maioria na próxima geração", explica Sperandio.
"Passamos 40 anos sem fazer progresso em pesquisa de antibióticos, até concluirmos que precisamos usar mecanismos de ação diferentes."
O LED209 também anima os pesquisadores porque não é tóxico às células de mamíferos. "É promissora para se usar em humanos", diz Piazza. Ainda falta muito o que fazer, porém, para chegar a um novo remédio. Espera-se obter uma droga segura para testes clínicos em cinco anos. "Aí tem de vir uma indústria farmacêutica grande para tomar o projeto e levar para frente", diz a brasileira.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Vítimas da gripe de 1918 ainda são imunes ao vírus


Descoberta pode ajudar na produção de anticorpos contra eventual pandemia

Anticorpos tirados do sangue de pessoas expostas à gripe espanhola foram capazes de combater o parasita em camundongos


EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL FOLHA

O fôlego do sistema de defesa humano contra o vírus da gripe dura, pelo menos, 90 anos. A constatação vem de um estudo realizado nos Estados Unidos.
Em artigo no site da revista científica "Nature", os cientistas demonstram como foi possível frear, em camundongos, uma infecção causada pelo vírus da gripe espanhola de 1918.
Os microrganismos injetados nos animais foram reconstruídos geneticamente.
Para construir a barreira imunológica nos roedores, o grupo, liderado por James Crowne, da Universidade Vanderbilt, usou anticorpos retirados de 32 pessoas que viveram naquela época. Todos os participantes da pesquisa, que tinham entre 91 e 100 anos de idade quando o estudo foi feito, relataram que perderam parentes na pandemia.
"Esse estudo é seguramente um dos poucos que puderam demonstrar a manutenção da nossa resposta imunológica após tanto tempo", disse à Folha o infectologista Esper Kallás, pesquisador da Unifesp.
Os americanos isolaram os linfócitos B do sangue dos idosos. São essas células que produzem os anticorpos.
Quando o vírus da gripe de 1918 entrou nos roedores, ele logo foi detectado e imobilizado. O que, para os autores da pesquisa, mostra que a resposta imunológica contra aquele invasor ainda estava ativa.
"O risco de termos uma nova epidemia como aquela é pequeno. Temos a capacidade de produzir vacinas eficazes contra o H1N1 [o vírus de 1918]", diz Kallás. Segundo o infectologista brasileiro, essa linhagem consta das vacinas que são aplicadas no Brasil todos os anos.
A gripe espanhola, que está completando 90 anos agora, segundo o livro "Influenza, a Medicina Enferma", da historiadora Liane Bertucci, também causou um pandemônio na cidade de São Paulo.
Aproximadamente um terço dos 528.295 habitantes da capital paulista foram infectados. Destes, 5.000 morreram. O número de coveiros teve de ser quadruplicado na cidade.
Mas, se o risco de uma nova pandemia de gripe espanhola é pequeno, o mesmo não pode ser dito em relação ao vírus H5N1, outro tipo de influenza, a gripe aviária. E aqui o novo estudo pode ajudar a medicina.
"Nós sabemos, pelos nossos estudos de biologia molecular, que o vírus de 1918 era um vírus aviário", disse Crowe.
Portanto, segundo o pesquisador, as lições aprendidas agora poderão ser úteis no futuro. "É possível ter uma noção maior do que esperar, em termos de respostas imunológicas, no caso de surgir uma outra epidemia de um vírus aviário."
Sem uma memória imunológica contra o novo inimigo, o sistema humano pode demorar pelo menos alguns meses para conhecer o novo invasor.
O cenário hoje seria mais dramático, porque as pessoas costumam viajar mais pelo mundo, o que poderia dar grande velocidade à epidemia.
Porém, segundo Crowe, já é possível imaginar a construção de anticorpos potentes contra o novo vírus a partir dos resultados obtidos por sua equipe.

Neutralizing antibodies derived from the B cells of 1918 influenza pandemic survivors - Nature

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A terceira onda migratória

Clóvis Rossi aborda um tema importante na sua coluna: a terceira onda de migração de cérebros, a disputa entre países por profissionais de alto nível (clique aqui). A coluna mostra, aliás, que o Rossi correspondente internacional continua imbatível.

No entanto, o pessimismo militante acaba prejudicando um pouco o raciocínio do Rossi analista, fazendo-o colocar o Brasil como vítima dessa nova onda. Já foi. Desta vez, creio que o jogo será diferente.

Já está ocorrendo uma migração importante no agronegócio. No começo, parecia uma invasão estrangeira de grandes multinacionais adquirindo grandes extensões de terra. Quem visita as novas fronteiras agrícolas, como Luiz Eduardo Magalhães, ou mesmo pólos como Petrolina-Juazeiro, percebe que o jogo é outro: são imigrantes tecnicamente aparelhados, com capital e tecnologia, que estão vindo se tornar brasileiros.

Como energia, pré-sal, Amazônia, as oportunidades futuras globais estarão por aqui. O grande desafio será montar estratégias na área científico-tecnológica – juntando Ministério de Ciências e Tecnologia, Fapesp, universidades federais e as estaduais de excelência – para prospectar o mundo e identificar cérebros na área acadêmica.

Por Andre Araujo

Enquanto isso a migração no sentido inverso, de 4 milhões de brasileiros residentes no exterior, sofre sua pior repressão em todo o mundo. graços ao ciclo xenofóbico de uma direita burra e precocnceituosa que se recusa a enxergar os beneficios de uma mão de obra capaz e ordeira, como é o caso das comunidades de brasileiros no exterior.

Essa repressão deixou de ser um episódio consular ou policial para ser politico. O Brasil não se deu conta de seu peso geopolitico e economico e se humilha perante Governos prepotentes, sem ter-se registrado nenhuma atitude firme contra essa atitude insultuosa à dignidade de um Estado, que não está sabendo proteger seus cidadãos aflitos no exterior. A Espanha abusou sem freios, o Brasil humildemente realizou uma reunião dita de cupula entre altos funcionários consulares e não arrefeceu um milimetro a arrogancia espanhola. A Espanha mandou ao Brasil 550.000 cidadãos entre 1900 e 1960, a maioria esmagadora pobres. O Brasil é credor migratório e não faz uso de força moral ou diplomática.

Agora o Reino Unido começa perseguição pior, a reação brasileira é a habitual: choramingas, protestos indignados e fica por ai.

Retaliação imediata e silenciosa nem pensar. Uma simplicissima: suspender as rotas aereas. Porque não fazer? Eles entenderão ràpidamente. O Brasil cresceu e ganhou musculatora mas esqueceram de avisar o Itamaraty que por modéstia e preguiça prefere funcionar seus consulador das 12 às 14 horas com a placa " FAVOR NÃO INCOMODAR".

Comentário

Chamo a atenção: períodos de intolerância étnica ou religiosa são fundamentais para os países que praticam a tolerância e políticas inteligentes de migração. A Espanha da Inquisição perdeu milhares de judeus e árabes, que constituíam a parte mais dinâmica da sua economia. A Inglaterra se fez atraindo pessoas que fugiam dessas perseguições. Depois, os Estados Unidos e o próprio Brasil se fizeram através dos deserdados econômicos e perseguidos da Europa e Oriente Médio.

Aliás, as Olímpiadas estão uma festa para os olhos. Assistir o nipo-brasileiro no tênis de mesa, depois as nordestinas do vôlei, depois as negras do futebol, depois o arco-iris de todas as cores do vôlei.

Vamos recuperar nosso papel de polo de atração da migração mundial.

Luis Nassif