sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O estilo Eurípedes


É questão de tempo para que apareçam as ligações do diretor de redação da Veja Eurípedes Alcântara e o publicitário Eduardo Fischer. E também com o banqueiro Daniel Dantas. A ficha de Roberto Civita só irá cair quando Eurípedes requerer a aposentadoria e seus novos planos ficarem claros.

Até lá, Eurípedes julga que poderá intimidar com ataques encomendados a pistoleiros ou mesmo com ataques agressivos neste Blog.

Para entender o seu perfil, sugiro lerem os comentários no post “O Código da Abril”. Seu comentário está assinado. Os demais ataques, em outros blogs, são terceirizados. Ambos só comprovam o desespero.

Cliquem aqui e confiram.

PS - Não tenho informações seguras ainda sobre o papel de Mário Sabino nesse jogo.

Para quem não está conseguindo abrir o link, aí vai o comentário (devidamente higienizado) para ficar mais claro qual o tamanho e a violência desse jogo inédito na história contemporânea da grande imprensa brasileira.

Enviado por: Euripedes Alcantara
Comentar | Fechar [ x ]
turco ladrao, cara de rato, roubou o proprio cunhado e
tenta arrastar as pessoas honestas para sua vala de
bestas. cuidado comigo, turco ladrao, mascate, cara
de rato..tu nao me conheces cuidado...f**** da p****,
ladrtao de cunhado. influencia sobre mim ninguem tem...
seu rato. cuidado. conheco sua fuca. vou jogar uma taca de vinho( do bom) na sua cara....rato,mascate, ladrao, f*** da p ***,
ladrao de cunhado...!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!ladrao de cunhado !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
09/12/2007 22:11

enviada por Luis Nassif

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O pecado de todos os partidos

A divulgação do “mensalão” tucano em Minas, da mesma natureza do “mensalão” petista em Brasília não deveria ser motivo para surpresa. Essa é a regra do jogo político brasileiro. Não foi levantada no ano passado devido ao uso político das denúncias no período eleitoral.

Sabe-se como o jogo é praticado, por quem é praticado, onde é praticado, mas não há interesse de ninguém em resolver o problema. Da parte dos políticos, porque esse jogo é vital para financiamento de campanha e para a montagem de alianças políticas que garantam a governabilidade.

Da parte da imprensa não há interesse. Primeiro, porque hoje em dia só se divulga denúncia que chega pronta e mastigada pelas mãos de algum lobista ou autoridade policial. E também porque esse modelo torto confere um poder de arbítrio monumental. A rigor,dá instrumentos para que a mídia escolha o alvo que lhe aprouver porque TODOS, no fundo, devem no cartório.

***

Não é difícil mapear todos os pontos de vazamento de recursos públicos, em nível federal e estaduais. O “valerioduto” mostrou o papel das agências de publicidade. Prestaram-se bem para esses serviços pela dificuldade em definir valores para a criação intelectual.

Mas há uma área muito mais ampla, pano de fundo da maioria dos esquemas atuais, que são as terceirizadoras de serviços de limpeza e segurança. Antes, no período de maior centralização de recursos, as empreiteiras tinham papel central nos pactos políticos e no financiamento dos partidos. Com a descentralização pós-Constituinte, passaram a atuar junto aos diversos níveis de governo. É fácil mapear, em cada estado, as terceirizadas que vencem as maiores licitações, que mantém vínculos com governadores ou com partidos que controlam instituições públicas.

***

Em geral, esses esquemas funcionam melhor em áreas onde é mais difícil avaliar o custo dos serviços. Em limpeza, por exemplo, é fácil estipular um número de funcionários acima dos que estão efetivamente trabalhando, porque a fiscalização tem que ser feita no local.

A área de informática é outra suscetível a grandes oscilações de preços. Como precificar um determinado serviço, ou determinado desenvolvimento de sistemas? Com as fábricas de softwares, pode-se replicar um site, ou definir custos de customização à vontade, já que ainda não há uma padronização clara de serviços.

Depois, há os setores que centralizam as grandes compras públicas, como livros, remédios, material de informática.

Com a complexidade tecnológica atual, as chamadas especificações técnicas se tornaram elementos claros de direcionamento de licitações, como possivelmente ocorreu com o chamado “esquema Cisco”.

***

Nas últimas duas décadas, com a crise financeira do setor público, os escândalos saíram do Atacadão das grandes obras superfaturadas para esse varejo que perpassa, hoje em dia, toda a administração pública.
Pregões eletrônicos ajudam, leilões reversos pela Internet ajudam. Mas o caminho passa por dar publicidade a todas as compras. A Internet é para isso mesmo.



enviada por Luis Nassif

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Pensando à frente

Isaias Raw

Em 1984, com o fechamento de um produtor multinacional, o Brasil viu-se sem soros antipeçonhentos. Nasceu o Programa Nacional de Auto-Suficiência em Imunobiológicos, que promovia a produção por laboratórios oficiais. Em 2004 o Ministério reconheceu ser impossível manter a auto-suficiência sem inovação e, em 2007, que temos de dominar o desenvolvimento tecnológico.

O Butantan antecipou estas metas, produzindo com tecnologia própria 82% das vacinas (150 milhões doses/ano) e 65% de todos os soros! Pensa à frente, antecipando a introdução de novas vacinas e o surfactante que reduzirá a mortalidade no dia do nascimento, hoje responsável por cerca de 50 mil bebês/ano.

O mercado de imunobiológicos brasileiro, com a distribuição gratuita e universal de soros e vacinas, é objeto de interesse comercial, não apenas pelo seu valor, mas por ter os últimos produtores públicos, com qualidade e segurança, a custos compatíveis com orçamento público - um pecado mortal! O Ministério da Saúde (MS), ante a investida das multinacionais, faz um exercício para definir o futuro modelo. Podemos imaginar:

Modelo colônia - Aquele em que a empresa multinacional faz o lobby junto ao MS, às sociedades médicas e até a instituições internacionais. Não se discutem prioridades, custos e perda do poder decisório. Um exemplo disto seria a substituição da vacina difteria-tétano-coqueluche, com 20 anos de sucesso, por uma vacina acelular (que o Butantan produzirá para crianças que têm reações adversas), aumentando, sem benefícios reais, o custo por ano de US$ 1,2 milhão para US$ 63 milhões. Uma nova vacina pertussis, criada pelo Butantan, terá a mesma eficácia e segurança, sem aumento de preço. Promoveram a introdução de uma vacina de rotavírus monovalente, contra a posição de mais de 70% do mundo, que reconhece que a vacina deve ser pentavalente e não pode ser administrada depois de 90 dias de vida, sob risco de obstrução intestinal.

Modelo refrigerante - Importa a vacina a granel, que envasa, não aprende tecnologia, servindo de fachada para contornar a licitação, permanecendo dependente. Um exemplo é a proposta da introdução da vacina 7-valente contra pneumonia. Contém sorotipos não importantes para o Brasil e induz substituições, criando pneumonias resistentes a antibióticos usuais. Custo de US$ 636 milhões, ao qual se somaria o alto custo de antibióticos de “terceira geração”.

Modelo caixa-preta - Adquire a tecnologia fechada, geralmente já obsoleta. Não aprende a desenvolver nem controla os preços para o MS, que determina quanto de royalties o Brasil paga. É um dependente crônico, que voltará sempre a comprar novas tecnologias. Isso hoje representa 40% da chamada produção nacional de vacinas.

Modelo Cingapura - Grandes empresas oferecem investimentos gigantescos para construir fábricas no Brasil que exportarão seus produtos, mas se recusam a investir em desenvolvimento no País. Recentemente ofereceram construir uma fábrica de rotavírus investindo US$ 300 milhões (custo da fábrica do Butantan: US$ 30 milhões). Numa segunda etapa, negociam o uso de prédios e equipamentos pagos pelo poder público, chegando aos países mais pobres a preços que tornam estes países dependentes de recursos filantrópicos permanentes, criando um mercado igualmente permanente. A influenza aviária tornou evidente o perigo dos países que não têm competência para desenvolver e produzir. Obviamente, os produtores obedecerão aos países onde têm suas fábricas instaladas, priorizando, no caso de uma pandemia, as vacinas para suas populações. O restante do mundo que se vire, pois instalar fábricas, independentemente de recursos financeiros e de pessoal treinado, leva seis anos - muito tarde se a pandemia ocorrer. No momento, ministros têm sido aterrorizados para comprar sobras de vacina a US$ 100 por vacinado. Agora são induzidos a começar a vacinar antecipadamente, com uma vacina que não sabemos se corresponderá à pandemia... Usando o estoque adquirido, terão de renová-lo.

Modelo Parceira Público-Privada Nacional - As universidades fazem pesquisas de bancada para publicar. A indústria farmacêutica nacional - com raras exceções - não desenvolve e prefere a caixa-preta! Com todos os incentivos, o panorama mudará pouco na próxima década.

Modelo Parceria Internacional Pública - O Butantan obteve acesso a vacinas de rotavírus e dengue desenvolvidas no Instituto Nacional de Saúde dos EUA e desenvolve a tecnologia de produção destas vacinas. Abrimos o caminho para sete empresas privadas (Índia, China e EUA) que produzirão a vacina pentavalente de rotavírus, adaptada a cada região e que a Fundação Path apóia com mais tecnologia para estabilizá-la na geladeira. Outras parcerias estão em andamento, como a vacina contra pneumonia (Universidade Harvard), que deve custar cerca de US$ 3, ante os US$ 159 da vacina 7-valente.

Modelo Desenvolvimento Nacional - A meta ideal é o País realizar desenvolvimentos próprios de produtos eficazes, seguros e de custo compatível para o Brasil e para países pobres. É o caso da nova vacina de difteria-tétano-coqueluche, que continuará com o preço de US$ 0,15 a dose; da vacina combinada BCG-hepatite B da maternidade, que economiza US$ 5 gastos para testar se a mãe contraiu hepatite B; da vacina contra influenza, que, usando o adjuvante do Butantan, poderá dividir uma dose em quatro, ampliando a vacinação, o que permitirá, sem aumento de custos, vacinar todas as crianças no primeiro dia da escola, evitando a pneumonia, a otite média, que cria surdos, e protegendo indiretamente toda a família.

O governo deve discutir, com cuidado, alterações do atual sistema de auto-suficiência, sob perigo de destruir duas décadas de sucesso.

Isaias Raw é presidente da Fundação Butantan

Rio proíbe, por engano, estudo com animal

Câmara Municipal enviou versão errada de projeto de lei ao prefeito Cesar Maia, que o sancionou

LUISA BELCHIOR
DA SUCURSAL DO RIO

Por um erro assumido ontem pela Câmara Municipal do Rio, o prefeito Cesar Maia (DEM) sancionou um projeto de lei proibindo pesquisas com animais na cidade.
O prefeito não recebeu as emendas adicionadas à lei, de número 4.685/2007, que liberam as pesquisas com animais a instituições e cientistas que provarem, por meio de uma comissão de ética, que os animais não estão sofrendo.
Segundo a diretoria de processamento da Câmara dos Vereadores do Rio, por causa de "um período de acumulação de projetos", as emendas não foram anexadas à redação final.
A Câmara afirmou que pediu a anulação da lei ao prefeito Cesar Maia e vai hoje votar a versão com as emendas. O prefeito disse que vai acatar o pedido.
O projeto original determina multa de R$ 2.000 por animal que sofrer "maus-tratos e crueldades" como abandono em vias públicas ou casas fechadas, espancamento e uso de instrumentos cortantes e substâncias químicas e tóxicas.
As restrições, que estão em vigor, inviabilizam as pesquisas feitas atualmente com animais no Rio, entre elas as de células-tronco, e a produção de vacinas contra febre amarela.

Sem comentários
Em entrevista à Folha, por email, o prefeito afirmou que vai anular a lei e aguardar a nova versão da Câmara. Não quis comentar, contudo, as críticas feitas à sanção da primeira versão do projeto. "A Câmara me informou que a lei é nula de pleno direito pois a emenda aprovada não foi incluída. Portanto, encaminharão o texto correto imediatamente", disse.
O presidente da comissão de ética da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Otávio Presgrave, afirmou que, se a nova versão do projeto garantir autonomia para as pesquisas a partir do crivo de comissões de ética, a medida não incomodará a comunidade científica, porque, segundo ele, as principais instituições do Rio já regulam as pesquisas com animais pelos códigos de ética internacionais.
Mas Presgrave declarou que a comunidade, que se reuniu ontem para discutir o projeto, teme que nem as emendas garantam a liberdade para os trabalhos. Nesse caso seriam inviabilizadas pesquisas de doenças como a esquistossomose, as que analisam se produtos interferem na formação de fetos, além da produção de vacinas e o controle de qualidade de produtos que estão no mercado.
"A comunidade científica não é contra a regulamentação do uso de animais em pesquisas, mas o consenso é que, onde existe alternativa, não se usam mais animais. Onde não há alternativa, os animais são usados de forma ética e respeitando guias internacionais", disse o representante da Fiocruz.

Sofrimento
O vereador Cláudio Cavalcanti (DEM), autor do projeto de lei, disse ontem que reconhece que a lei pode fazer com que o Brasil perca dinheiro com pesquisas, mas afirma que isso é necessário para evitar o sofrimento dos animais.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

De um ex-médico

Caro Nassif

fui médico durante 15 anos. Minha formação foi a melhor que poderia ser oferecida dentro do Brasil, e eu um aluno bem normal, não era um destaque, mas tive notas bem acima da média e rendimento excepcional na residência médica. Após 10 anos de trabalho diurno, noturno e finais de semana, as santas casas (alegando estarem endividadas), iniciaram um período de inadimplência com funcionários. Recebiam pelos procedimentos médicos e não repassavam aos médicos, usando o money para pagar dívidas atrasadas com fornecedores de oxigênio e medicamentos e com salários de atendentes e do pessoal da limpeza. Tal era necessário para que o hospital continuasse a funcionar.

Isso por volta de 1998. Havia uma esperança que, com a CPMF as coisas melhorassem, mas nesse ano o valor pago pelo SUS por uma cirurgia já havia caído pela metade no seu valor real, pois os ministros Jatene e Serra, alegando corrupção, combateram todo o sistema e não os casos de corrupção. No caso de cesariana em homem e postectomia em mulher, nunca tentaram encontrar o paciente, prender o médico responsável, esclarecer o caso se tratava-se de apenas um erro de digitação do escriturário. Simplesmente cortaram o pagamento estatisticamente. Cirurgias seguidas de internação de 1 ou 2 dias não eram pagas (glosa).

Somando-se glosas, inadimplência dos compradores de serviços, tributação arbitrária inclusive sobre o que eu não havia recebido, obrigatoriedade (moral e legal) de atender os pacientes, mesmo sabendo que não iria receber pelo feito, acabei ficando com inveja do barbeiro da esquina, que cobrava 4 reais por um corte de cabelo de 15 minutos e recebia na hora, no cash, sem nota fiscal, sem cpmf e sem irpf.

Um tingimento com reflexos louros custa 175 reais, e o médico de uma histerectomia recebe 90 reais depois de 60 dias.

Para encurtar a história, passei a investir a grana que eu tinha e alguma herança de família em dinheiro na Bovespa. Ouvi muitos de seus conselhos sr. Nassif, porque quando o senhor aparece na TV a família toda fica em silêncio e eu fico todo orelhas.

Pedi afastamento do trabalho em 2001, recebi vários atrasados que pingaram nos 2 anos seguintes.
Hoje sou investidor, meu ganho real está acima de qualquer especialista do SUS e eu me pergunto porque alguns preferem ser médicos.



enviada por Luis Nassif

"Opinião Pública" x referendo

Vamos entender um pouco melhor o momento político atual na América Latina, as mudanças ocorridas na Venezuela de Hugo Chávez, e o alarido em torno da suposta emenda da eleição eterna.

É um tema que dará muito pano para manga para nossos cientistas políticos.

Os anos 80 marcaram a falência dos modelos autoritários no continente, especialmente após a crise das Malvinas e a crise econômica brasileira depois do segundo choque do petróleo. Há um movimento que trouxe a a redemocratização, mas não a assimilação completa do espírito democrático. A luta pelo poder transferiu-se dos quartéis para outras instâncias.

Numa primeira rodada, assumem os partidos de oposição e o que se convencionou chamar de “sociedade civil organizada”. Há os exageros e abusos de todo processo inicial de redemocratização.

Na rodada seguinte, o poder de fato passa a ser exercido por um ente fluido chamado “opinião pública”, que tem na mídia convencional seu principal agente.

Mantém-se a velha postura golpista, mas dentro das novas regras democráticas – esse é o dado curioso e diretamente inspirado no episódio Watergate. Na Venezuela, derruba Carlos Andrés Perez, um neoliberal; no Brasil, Fernando Collor, outro neoliberal (para usar uma qualificação de uso corrente). E, ao longo dos anos 90, torna-se fator freqüente de instabilidade, seja contra governos “neoliberais”, como o de Fernando Henrique Cardoso; ou de “esquerdas” como o de Lula. Na Venezuela, consegue, inclusive, derrubar por alguns dias o presidente eleito Hugo Chávez - aliás, um dado que deve ser bem pesado quando se analisam os episódios recentes na Venezuela.

O modelo de atuação é simples e já foi utilizado em outros momentos da história. Cria-se um alarido, em plena consonância com o chamado mercado, uma seqüência de denúncias, uma aliança pontual com a oposição – antes, PT; agora, PSDB e DEM - , um movimento da opinião pública midiática que influencia o Congresso e permite o julgamento político que leva ao “impeachment”.

Tudo de acordo com a Constituição. É a neo-democracia golpista do continente.

Não se pense em movimentos golpistas articulados – a não ser no caso da Venezuela -, com conspiradores acertando como será a queda. Trata-se de um processo gradativo de deturpação do papel da mídia, uma maneira torta de fazer jornalismo que passa a se confundir imperceptivelmente com a vontade de usurpar o poder político. E se funda em alguns pontos muito nítidos.

O primeiro, é a parceria com o chamado “mercado”, estratégia que passa pela desmoralização do poder político – com a notável contribuição dos políticos, saliente-se. Quando começou esse novo jornalismo, um dos pratos prediletos era fotografar o plenarinho da Câmara (sessão sem importância, onde deputados aproveitam para mandar recados para suas bases), vazio, e apresentar como prova de que os políticos são vagabundos.

O segundo, é demonizar qualquer forma de gasto que não seja com juros, especialmente gastos sociais.
O terceiro, é o vício permanente em pretender exercitar os músculos derrubando presidentes.

Como se contrapor a esse poder avassalador da mídia, de sua capacidade de produzir escândalos sobre fatos reais ou fictícios e ter a reveberação no mercado?

É nesse cenário que se passa a questionar a legitimidade da chamada “opinião pública”. Se o Congresso é ilegítimo para representar os eleitores, porque a chamada “opinião pública midiática” seria a legítima representante dos anseios da maioria? Se é para ascultar a maioria, abaixo os intermediários, abaixo as supostas pesquisas de opinião e venham os referendos populares.

Foi o que conceituados cientistas políticos, como Fábio Wanderley dos Reis e Wanderlei Guilherme dos Santos escreveram ultimamente, ironizando os que pretendiam falar em nome da maioria.

Só que, com os plebiscitos, substitui-se uma ditadura da minoria – representada pela opinião pública midiática – pela ditadura da maioria. Continua ditadura.

Esse é o dilema que irá sacudir o continente nos próximos anos, nesse confronto cada vez mais feroz entre modelo político e modelo midiático.



enviada por Luis Nassif

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Do-it-yourself science

How much involvement can patient advocates have in genetics?

Some of the hype that accompanied the first publications of the human genome sequence in 2001 may have worn off. But these are still heady times for genomics, as demonstrated this week by the release of a greatly enhanced haplotype map or HapMap, which describes the most common forms of human genetic variation (see page 851).

The map builds on an earlier version published in 2005. It may, for example, shed some light on aspects of the genome that help to account for certain differences between people of different geographical origins (see page 762). There have been plenty of other research findings this year that demonstrate the power of genomics to deliver clues that could yield better medicine, including studies based on the HapMap that have uncovered lists of multiple genes that may be associated with the risk of developing specific diseases.

But there remain relatively few examples where this has led to better treatment options for patients and doctors. The difficulties of selecting relevant gene and protein markers, and then developing them into marketable tests that doctors will use, remain formidable (see page 770). And for patients, doctors and even some geneticists, there is growing frustration at the lack of clarity in some research findings, the difficulty in discerning which findings are of medical value, and the slow pace at which fuller knowledge of the links between genetics and disease is actually providing better diagnosis and treatment options.

On page 773 of this issue, Nature tells the story of Hugh Rienhoff, a trained geneticist and biotechnology entrepreneur, whose daughter was born with a collection of congenital defects. He has taken it upon himself to try to find out what the genetic cause might be — actually buying lab equipment and having her genes sequenced himself. He has even posted information about her condition, his theories as to what's causing it, and parts of her genetic sequence on the Internet.

Given the sharply falling costs of equipment and the wealth of information that is publicly available, we are getting to the point at which almost anyone with access to the Internet can do this. If that sounds a little scary, then perhaps it ought to. Scientists and patient advocates have always enjoyed a delicate relationship. Researchers are not prone to welcome what they may see as the intrusion of the public in the laboratory. And there is every chance that some people in Rienhoff's position will waste money pursuing dead ends. On the other hand, as more people begin to take an interest in rare or undiscovered disorders, more useful information is likely to be unearthed about both their genetics and their treatment.

But this means that clinical geneticists will have to revise the professional and ethical framework for collaborating with patients and their advocates, to help ensure that the information from the public provides clarity and not confusion. Some scientists are already thinking about how best to organize such information. On page 783, for example, Steven Brenner of the University of California, Berkeley, proposes a 'genome commons' to aggregate the accumulated knowledge on human genetic and phenotypic diversity.

Scientists and patient advocates have always enjoyed a delicate relationship.

At the same time, members of the public who choose to embrace a do-it-yourself approach to science need to be aware that they should not abandon existing, rational treatment options. And they should know that the fruits of their labours will rarely include the cast-iron answers that they may be seeking. For, as is so often the case in science, the most likely result of their efforts will be yet more unanswered questions for others to probe.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Serra e a busca do rumo

No domingo, no post “Política e cérebro emocional” comentei um artigo do Eduardo Graeff e sugeri que, ao contrário do que ele dizia, o caminho para o presidenciável do PSDB estaria em esquecer a herança fernandista, admitir os avanços do lulismo e dar um passo à frente: tornar-se um fundamentalista do desenvolvimento.

Terminava enfatizando a importância de um dos trechos do artigo do Graeff: “Também não basta ter valores. É preciso pregá-los sem medo de ser repetitivo e traduzi-los em declarações de princípio que mostrem ao eleitor que o candidato conhece seus problemas e sabe como enfrentá-los, mesmo sem entrar em detalhes”.

Em outro artigo, “O PSDB e o fundamentalismo” mostrava o erro fundamental de Nelson Rockefeller, de abandonar o discurso liberal justo na hora em que os ventos lhe eram favoráveis. Colocava um alerta: “O que está ocorrendo agora com o PSDB é essa mesma perda de rumo. É o partido quem está se apegando ao fundamentalismo, não o PT. Não tomem manifestações isoladas como sendo governo Lula. O segundo governo Lula está caminhando aceleradamente para a centro-esquerda, ocupando os espaços, dando seguimento a todas as idéias que FHC não teve vontade ou coragem de tocar”.

Em seu artigo de hoje no “Valor”, a excelente Maria Cristina Fernandes traz informações sobre a estratégia do presidenciável José Serra.

• Os batalhões do governador de São Paulo, José Serra, que aparece no topo da lista dos presidenciáveis da pesquisa CNT-Sensus, estarão aprisionados no PSDB, mas não necessariamente marcados a ferro e fogo por um discurso de oposição

• Nas declarações públicas sobre o leilão das rodovias federais, Serra não passou recibo das reiteiradas comparações em que o quilômetro rodado em São Paulo chega a ser até nove vezes maior do que o das novas estradas. Saudou o leilão como uma boa notícia e prepara-se para anunciar as novas regras as próximas licitações paulistas.

• Não é, portanto, uma candidatura de confronto que se arma. O discurso é o do desenvolvimento. O que, face à toada do PAC, é quase uma promessa de continuidade no estilo fazer mais e melhor. A aposta é que a recíproca também será verdadeira. E que Lula, apesar de melhor cabo eleitoral do que foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, não se arriscaria a ter uma postura agressiva contra os candidatos de fora de sua base.

• A candidatura que se constrói nas colinas do Morumbi, é muito diferente daquela de 2002. Se naquele ano projetou-se em Lula o risco De La Rua, em 2010 é nas próprias hostes do governador paulista que se cultiva o 'risco Serra' - um candidato que vê a política monetária do governo Lula, como a de seu antecessor, excessivamente atrelada ao mercado financeiro e atribui a uma inexistente ameaça inflacionária o ritmo excessivamente lento da redução da taxa de juros. No baralho de 2010, Serra monta o jogo em busca de uma carta à esquerda do ás.

Serra começa a esboçar um movimento para se libertar da armadilha desse radicalismo maniqueísta e tolo praticado por parte relevante do partido e da mídia.



enviada por Luis Nassif

Dengue cresce, e ministro admite epidemia no País

Número de casos chegou a 481,3 mil até setembro, quase 50% a mais do que no mesmo período de 2006; Temporão anunciou campanha

Eduardo Kattah

O Brasil vive uma nova epidemia de dengue, com um aumento de 50% dos casos da doença registrados entre janeiro e setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2006. O alerta foi feito ontem pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que classificou a situação de “injustificável” e “inadmissível” durante o lançamento da campanha nacional de mobilização contra a doença. Temporão se referia também às 121 mortes registradas nos primeiros nove meses deste ano, número que só fica atrás dos 150 óbitos confirmados em 2002, o pior ano da doença no País.

Segundo Temporão, o alto índice representa deficiência no atendimento à forma hemorrágica da doença. Conforme dados do Ministério da Saúde, de janeiro a setembro, o País registrou 481,3 mil casos da doença. No ano passado, no mesmo período, foram 321,3 mil infectados.

O ministro informou que, do total de casos neste ano, 1.076 pessoas contraíram a dengue hemorrágica, principalmente nos Estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Maranhão. No quadro comparativo com 2006 do número de casos notificados, a região Sul foi a que apresentou maior curva ascendente (828,16 %), seguida por Centro-Oeste (99,95%), Norte (31,34%), Nordeste (30,43%) e Sudeste (19,81%).

Nesta última, o aumento de casos foi puxado pelo Rio (75,64%) e por São Paulo (20,75%) - com um total de 64.310 notificações até setembro contra 53.259 no mesmo período do ano passado. Minas e Espírito Santo apresentaram resultado negativo, -5,22% e -27,92%, respectivamente.

“É uma epidemia. E essa epidemia é preocupante”, disse Temporão, citando a dificuldade de combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, e o vírus por sua variedade de sorotipos, o que “coloca obstáculos” ao desenvolvimento de uma vacina. “Infelizmente, essa vacina não está no horizonte próximo”, destacou o ministro, que, antes de lançar a campanha, se reuniu com especialistas em Belo Horizonte.

A preocupação imediata do ministério será zerar o número de mortes. “O índice que nós alcançamos é inadmissível, o que demonstra problema de atendimento e fragilidade da organização do sistema de saúde.”

O biólogo Adriano Fernandes Ogera, da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, vinculada à Secretaria da Saúde de São Paulo, disse que uma das maiores dificuldade enfrentadas no combate à dengue é a recusa de moradores em receber os agentes. “A maior parte dos moradores não se sente segura em recebê-los. Tentamos resolver o problema com parcerias, o que tem dado certo. Mas algumas pessoas oferecem resistência.”

INICIATIVAS

Ontem, o ministro anunciou iniciativas, como a distribuição de um caderno com informações sobre a dengue para todas as equipes do Programa Saúde da Família e uma parceria com a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina para o envio de 300 mil CD-ROMs a médicos. Com o tema “Combater a dengue é um dever meu, seu e de todos. A dengue pode matar”, a campanha será veiculada de forma regionalizada, com jingles em ritmos diferentes. Começa em rádios e TVs do Sudeste e Centro-Oeste e vai até 24 de novembro. No Sul e no Norte será veiculada de 4 de novembro a 16 de dezembro e, no Nordeste, até março.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Salário não melhora ensino, diz secretária

Maria Helena, titular da pasta de Educação, diz que Estados com as melhores avaliações não pagam salários mais altos

José Serra afirma que São Paulo paga o que pode e considera sem cabimento comparação com salário do professor no Acre

FÁBIO TAKAHASHI
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou ontem que qualidade de ensino não tem relação com salário dos professores.
A declaração foi feita em resposta à reportagem de ontem da Folha, que mostrou que o governo paulista paga R$ 8,05 por hora -39% menos que o Acre (R$ 13,16)- para professores em início de carreira e é apenas o oitavo melhor salário do país.
"O quadro mostra, com clareza, que não há uma relação direta entre salário e qualidade do ensino, embora a questão salarial seja fundamental para valorização dos professores", disse a titular da pasta do governo José Serra (PSDB).
Maria Helena cita o fato de Estados como Minas Gerais e Distrito Federal (governados por PSDB e DEM, respectivamente) estarem entre os três melhores desempenhos da quarta série no Saeb (exame do governo federal), embora não tenham os salários mais altos. Ficaram em 17º e 19º.
Questionada sobre o Acre, que é o campeão dos salários e aumentou 13,8 pontos no Saeb entre 2003 e 2005 (São Paulo avançou 1,1), ela disse que o Estado melhorou porque manteve a mesma política educacional desde o início dos anos 90.
Antonio Chizzotti, professor da Faculdade de Educação da PUC-SP, discorda: "Uma das questões fundamentais na qualidade de ensino é a remuneração do docente". Para ele, o professor precisa ter condições de estudar, comprar livros, ir ao teatro. "Tudo isso é formação", diz. "E não dá para cobrar bom trabalho de um funcionário a que se paga mal."
A declaração da secretária foi dada durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em que Serra sancionou seis projetos aprovados na Assembléia.
Serra considerou "sem cabimento" comparar São Paulo ao Acre, pois, disse, o Estado do Norte praticamente não gasta com aposentados e possui cerca de 70% a mais de recursos disponíveis por habitante (somando arrecadação estadual e transferências federais).
Serra reclamou também do fato de a reportagem não somar ao salário as gratificações pagas aos professores. A reportagem mostrou, porém, que o salário acreano (sem contabilizar a gratificação) é maior que a remuneração paga em São Paulo (incluindo gratificação).
Sobre o fato de Alagoas também pagar mais, Serra disse: "Viva Alagoas, está muito bom. No caso de São Paulo, não é possível. Aliás, o Estado de Alagoas quebrou por algum motivo. Não estou dizendo que foi especificamente esse assunto".
Após a entrevista coletiva, o governador afirmou à Folha que São Paulo paga "dentro das possibilidades do Estado hoje".
Entre as medidas apresentadas ontem estão a antecipação para este mês do bônus que seria pago em 2008; possibilidade de pagamento em dinheiro de parte da licença-prêmio; incorporação de gratificação que beneficiará os aposentados; e a seleção de 2.545 secretários de escola e de 12 mil professores coordenadores.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem que o piso salarial nacional para professores, aprovado na Câmara dos Deputados (R$ 950), pode ajudar a melhorar a situação dos docentes. "Mas, como professor, e no dia dos professores, não posso dizer que considero [o valor] ideal."

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Os indicadores de educação

Dois pontos centrais, nas modernas políticas públicas, são o uso intensivo de indicadores de acompanhamento; e processos de avaliação que permitam a remuneração variável, por desempenho.
Em geral existem bons bancos de dados nas áreas sociais, educação, saúde, famílias. Mas ainda há pouco uso adequado dos dados, para que sejam transformados em indicadores eficientes.
Uma das áreas mais complexas é a da educação. Primeiro, pela dificuldade em definir uma métrica que permita comparar desempenhos de diversas regiões. Depois, pelo fato de que muito do desempenho de uma escola depende do entorno, da situação social dos alunos.

***

Esse é o desafio da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Guimarães, responsável pelo grande avanço dos indicadores de educação na gestão Fernando Henrique Cardoso, na qualidade de presidente do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). E que assumiu há meses a Secretaria da Educação do estado.

***

O sistema educacional paulista passou por uma razia na gestão Gabriel Chalita, um jovem delfim que privilegiou o marketing em detrimento de normas mínimas de avaliação e de gestão.

Um dos pontos centrais foi a questão da educação continuada, um método pedagógico que, segundo os especialistas, costuma ser eficaz quando bem aplicado. A idéia básica é a de que nem todos os alunos têm o mesmo ritmo de aprendizado. Então, abole-se a avaliação de aprovação a cada ano, ao mesmo tempo em que se montam sistemas de reforço para os alunos mais fracos.

O problema é que, principalmente a partir da gestão Chalita, desmontaram-se os sistemas de reforço. Apenas na 4ª e na 8ª séries (que reprovavam) tentava-se o reforço. Mas aí ocorria um déficit de aprendizado impossível de se tirar no curto prazo. E, pior, perdeu-se o referencial de avaliação e de comparação entre as escolas.

***

A primeira mudança, pós-furacão Chalita, foi a revisão dos sistema de avaliação ao longo ao ano para as 5.400 escolas, todas obedecendo à escala de nota de 0 a 10 e notas a cada dos meses.
A segunda foi estabelecer sistemas externos de avaliação. No Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), o professor aplicava a prova a ele mesmo dava a nota. Era impossível uma avaliação isenta. Contratou-se, então, um sistema externo de avaliação, através da Fundação Carlos Chagas.

***

O segundo ponto foi adaptar o Saresp à metodologia do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica), o sistema nacional de avaliação, para permitir comparações. Essa avaliação, com metodologia consagrada internacionalmente, permite montar duas linhas gradativas de avaliação, para matemática e português. O SAEB é aplicado na Prova Brasil, da qual São Paulo não participou nos últimos anos.

***

A partir daí, será possível avaliar escolas individualmente. A idéia será, a partir do Saresp 2005, definir um marco zero e premiar toda escola que conseguir avanços a cada ano. A premiação permitirá até 16 salários, a serem rateados por todos os funcionários e professores.

Mas falta definir melhor os critérios de gestão, que irão se somar aos pedagógicos.

Modelo pedagógico

O avanço final será a definição de um modelo pedagógico desenvolvido pela própria Secretaria. A Secretária anterior, Maria Lúcia Vasconcellos, encomendou o desenvolvimento desse material didático, contendo conteúdos curriculares básicos para 5ª a 8ª séries, com a assessoria de dois educadores renomados, Náercio Menezes, da USP, e Francisco Soares, da UFMG. Esses cursos nos substituirão os livros didáticos.

Interior e capital

O sistema educacional médio paulista tem 2,6 milhões de alunos na Grande São Paulo e 2,4 milhões no interior. A qualidade das escolas estaduais do interior é infinitamente melhor que na capital. No caso da capacidade de leitura escrita na 4ª série, por exemplo, a diferença de notas é de 5 para o interior contra 3 na Grande São Paulo. Umas das razões é a maior estabilidade do corpo docente e das famílias.
Critérios de avaliação

Na avaliação das escolas estaduais, o desempenho dos alunos responderá por 70 a 75% da avaliação. De 25% a 30% serão assiduidade dos professores, estabilidade das equipes e critérios de eficiência de gestão, que estão sendo preparados pela Secretaria da Fazenda. Mas há dificuldades. Como saber se o maior ou menor gasto com ar condicionado se deve às diferenças de temperatura ou a desperdício?

Luis Nassif

domingo, 14 de outubro de 2007

Expansão da ciência e tecnologia é maior no interior paulista

Concentração de mestres e doutores, produção de artigos e geração de empresas indicam vitalidade da região

Eduardo Nunomura

São Carlos, Campinas, Piracicaba, Bauru e Ribeirão Preto têm sozinhas mais mestres e doutores a cada 100 mil habitantes se comparados aos da capital. Nas cidades do entorno de Araraquara, há quatro vezes mais cientistas. O interior é responsável por um quarto da produção científica nacional e abocanha mais da metade dos financiamentos federais destinados ao Estado. Das universidades e dos institutos nesta região, sai o conhecimento que abastece e cria empresas tecnológicas. Três em cada quatro projetos de inovação aprovados pela Fapesp são de fábricas com sotaque caipira. Graças a esses números, São Paulo publica hoje tanto quanto Espanha, Austrália, Irlanda ou Canadá.

“A aprovação dos projetos é em função da demanda, o que indica uma vitalidade intensa do interior”, diz o diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz. “O interior está bem articulado e competitivo em relação à capital”, acrescenta Marco Antonio Zago, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os dois são cientistas, um de Campinas e o outro de Ribeirão Preto.

Inovação é a palavra da vez nas pesquisas acadêmicas do interior. Inventos práticos, necessários e alguns com cheiro de revolução. No Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica, do Instituto de Física da USP São Carlos, um novo equipamento diagnostica tumores sem precisar de biópsia (o exame tradicional é doloroso e o resultado só sai em semanas). Um feixe de luz em contato com o órgão ou a pele diferencia um tecido normal de um doente. O aparelho já está em teste no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

CONHECIMENTO

Com o mesmo princípio, surgem outros produtos de fototerapia dinâmica, como os semáforos à prova da falta de energia e o aparelho para detectar e tratar o HPV e alguns tipos de câncer. Por trás das invenções, está o dinâmico e versátil físico Vanderlei Salvador Bagnato e uma equipe de cem pesquisadores. Foram eles os primeiros latino-americanos a realizarem a condensação de Bose-Einstein. Um gás é esfriado, próximo do zero absoluto (0 Kelvin ou -273,15 graus Celsius), quando ocorre a condensação. Entender o que se passa nesse momento permitirá desvendar a natureza quântica da matéria.

“A sociedade me dá dinheiro para ver o átomo e tenho que mostrar para que serve isso. Serve para curar o câncer”, explica Bagnato. Nos últimos seis anos, seu laboratório produziu 28 patentes e destas, 12 viraram produtos. Qualquer experimento tem de mirar em educação ou saúde, mesmo que leve tempo. Os LEDs usados no semáforo antiblecaute ficaram prontos após seis anos. Outros projetos iam sendo tocados juntos para satisfazer à demanda por publicação de artigos, um dos fatores de avaliação dos pesquisadores. “O País tem de dar valor ao risco científico, senão vamos estudar só o conhecido e seremos apêndices dos outros.”

O físico Luís Alberto Vieira de Carvalho, de 37 anos, formado em São Carlos, com doutorado em Berkeley e pós-doutorado em Rochester, segue a linha do coordenador. Quer inovar naquilo que o Brasil não inova. Criou o campímetro portátil para exames de glaucoma nos rincões. O aparelho estrangeiro sai por R$ 80 mil. O nacional custa um décimo desse valor. Quando estudava no exterior, Carvalho trabalhou na produção de uma lente de contato customizada para a Bausch-Lomb (a empresa investia US$ 3 milhões por ano). No Brasil, faltam verbas. Assim, concentra-se na fabricação do Wave Front, aparelho para diagnosticar em alta resolução defeitos da visão. Será o primeiro da América Latina.

O Centro de Terapia Celular (CTC) de Ribeirão Preto, coordenado pelo médico Marco Antonio Zago, entrou na corrida mundial para deter o domínio das técnicas de manipulação das células-tronco. Quanto mais se souber como elas se diferenciam em órgãos do corpo humano e como são ativadas, maiores as chances de inúmeras doenças serem tratadas. Ou evitadas. As células-tronco mesenquimais, por exemplo, têm capacidade imunológica. Saber como agem pode evitar a rejeição de transplantes.

Em abril, o imunologista Júlio Cesar Voltarelli, do CTC, encheu de esperanças pacientes de diabete tipo 1 que são obrigados a injetar altas doses de insulina. Pela técnica, uma quimioterapia desliga o sistema imune do paciente, que por algum motivo ataca as células do pâncreas, produtoras de insulina. Células-tronco do próprio paciente são então reinseridas nele para recompor o sistema de defesa. O tratamento, já realizado com sucesso em uma dezena de adultos, deverá ser feito com adolescentes e para outras enfermidades, como a esclerose múltipla. Voltarelli, contudo, já reiterou que é cedo para afirmar que se trata da cura.

Mas não é só de futurologia, riscos e esperanças que vive a ciência e tecnologia do interior paulista. A bióloga Aparecida Maria Fortes lidera uma pesquisa em Ribeirão Preto para produzir o fator 8 e o 9 recombinantes, utilizados no tratamento de mais de 7 mil hemofílicos. Hoje, o Brasil tem de exportar o plasma sanguíneo para a França, onde é purificado e liofilizado (seco) para ser então importado. O problema, além do custo de R$ 100 milhões, é que vai e volta sangue contaminado. Por engenharia genética, o fator 8 e o 9 são livres desse risco.

“Já produzimos em plaquinhas, na cultura in vitro, mas queremos pensar no nível de biorreatores e depois no de escala industrial”, afirma Aparecida. A previsão é de que em um ou dois anos o Brasil fabrique o produto. Já há interesse da indústria farmacêutica. A pesquisa, que recebe apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), permitiu à equipe do CTC dominar a técnica que pode ser usada em outras moléculas para fins terapêuticos, como o fator de crescimento.

QUEBRA-CABEÇAS

No Centro de Biotecnologia Molecular Estrutural (CBME), também na USP São Carlos, uma equipe multidisciplinar luta contra doenças tropicais, como leishmaniose, malária e esquistossomose. Ao isolarem a enzima GAPDH do Trypanosoma cruzi, o vetor da doença de Chagas, os pesquisadores detectaram a estrutura da proteína e, a partir dela, poderão procurar pequenas moléculas (potenciais remédios) que se encaixarão nela. Como num quebra-cabeça. “Cinco ou seis anos atrás, saíamos do nada. Hoje, um laboratório como o nosso realiza um forte desenvolvimento comparável aos melhores do mundo”, diz Adriano Andricopulo, de 35 anos, que fez pós-doutorado em Michigan.

O Instituto de Física da USP São Carlos capta R$ 10 milhões por ano, 40% desse total vindo de indústrias. Foi crescendo na base do puxadinho, com corredores virando salas para acomodar mais pesquisas. “Nosso grande salto ocorreu nos anos 80, com a expansão do quadro de professores, cuja regra era que todos fossem para o exterior fazer doutorado”, explica o diretor Glaucius Oliva, também coordenador do CBME.

Os três laboratórios acima fazem parte do programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da Fapesp. São 11 no total, 5 no interior paulista. Criados em 2000, eles desenvolvem pesquisas na chamada fronteira do conhecimento, viabilizam parcerias com empresas e governos para aplicação das tecnologias e, o que é raro na academia, dividem as descobertas com a população. Este último envolve desde a criação de jornais e programas de TV até a inclusão de jovens estudantes no desenvolvimento científico. É a ciência semeando ciência.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Grasping for Clues to The Biology of Itch

Greg Miller

Chronic itch afflicts millions of people, but little is known about the underlying mechanisms

For most people, itch is an occasional, short-lived annoyance, provoked by a run-in with bloodthirsty insects or poisonous plants. But for Mary Ellen Nilsen, itchiness became a life-altering experience. In 1998, at age 38, Nilsen had a shingles outbreak, a resurgence of the chickenpox virus. Antiviral drugs cleared up the painful shingles rash on her face and scalp, but a ferocious itch took its place. "It was relentless," Nilsen says. Over a 13-month period, Nilsen scratched and scratched, despite her best efforts not to and despite her horror at the growing lesions she saw in the mirror. At the time, Nilsen says, she had no idea that the damage she was doing to herself was more than skin deep, but she ended up in a Boston emergency room with brain tissue protruding through a hole she'd scratched in her skull.

"She gave herself frontal-lobe brain damage," says Anne Louise Oaklander, a neuroscientist and neurologist at Harvard Medical School in Boston, who treated Nilsen and described her case at a recent meeting* here. Oaklander blames the infuriating itch on severe nerve damage caused by the virus--damage that also left Nilsen unable to feel pain from her scratching-induced wounds. Although Nilsen's experience is extreme, to say the least, chronic itch is far from rare. Millions of people worldwide suffer from incessant and largely unexplained itchiness brought on by kidney or liver disease, HIV, or various other ailments. Chronic itch disrupts sleep, reduces the quality of life, and undermines the health of those who suffer from it--yet there is little doctors can do to help.

story

A Knockout Award in Medicine

Gretchen Vogel
The one-two research punch that allowed the creation of designer mice has earned the 2007 Nobel Prize in Physiology or Medicine. Mario Capecchi, a Howard Hughes Medical Institute investigator at the University of Utah in Salt Lake City, Oliver Smithies of the University of North Carolina, Chapel Hill, and Martin Evans of Cardiff University, U.K., will share the prize for developing the techniques to make knockout mice, animals that lack a specific gene or genes. Such mice have allowed scientists to learn the roles of thousands of mammalian genes and provided laboratory models of human afflictions in which to test potential therapies.

Figure 1 Against the odds. Pursuing ideas that others said would never work, the three researchers who share this year's Nobel Prize in physiology or medicine set the stage for the creation of designer mouse strains in which specific genes are altered or disabled.


The techniques "truly provided a revolution in mammalian biology," says Raju Kucherlapati, a geneticist at Harvard University. "It is not an exaggeration to say that there is no mammalian biologist today who does not use these tools in one way or another."

Biologists have long studied mutant mice for insights into the mammalian body. But for decades, they were limited to rodents whose DNA had been disrupted in random places by natural mutations or the application of mutagenic chemicals. In fact, most of the time, biologists studying a mutant mouse strain didn't even know which gene was broken. The ability to mutate a specific gene at will seemed a distant dream.

Working independently in the 1980s, however, Capecchi and Smithies each crafted ways to slip foreign DNA into a specific place in the chromosomes of mammalian cells. A similar strategy, exploiting a natural DNA-swapping process called homologous recombination, had been used to alter genes in yeast and other organisms, but most people assumed it wouldn't work in mammals. Indeed, in the early 1980s, Capecchi's grant application was rejected by the National Institutes of Health in Bethesda, Maryland, with the advice that he should forget the idea.

He persevered, using money cobbled together from other projects. And a few years later, both he and Smithies, then working at the University of Wisconsin, Madison, showed that targeting specific genes in mammalian cells via homologous recombination was indeed possible. But the work was in cells in culture dishes, and the technique seemed far too inefficient to be used to make whole animals with genetic alterations.

Enter Martin Evans, then at the University of Cambridge, U.K. He led a group that in 1981 reported growing embryonic stem (ES) cells from mouse embryos. Evans, too, had faced skepticism. Experts had doubted whether such cells, which can become any cell in the body, could be grown in the lab. Even Evans was confused when he first saw the cells in culture, says Elizabeth Robertson of the University of Oxford, U.K., who was a postdoc in the lab. "He came to us and said, 'Someone contaminated my media!' " because there were strange-looking cells growing in it. Lab members had to convince him that the cells were ES cells, she says.

A few years later, Evans and his colleagues showed that they could produce live mice by injecting cultured ES cells into a developing embryo. The result is a chimera, an animal whose tissues are a mix of the ES cells and those from the host embryo. In many of those chimeras, the added ES cells by chance produce the animal's sperm or eggs, and when these chimeras mate, some of their offspring carry the stem cells' genes in all their tissues.

Capecchi and Smithies both quickly saw that ES cells offered an opportunity to generate live animals with a desired mutation in every cell. Researchers could target genes in ES cells and then sort out the cells that carried the desired modification, using them to create chimeras. Some of the chimeras' offspring would have the altered gene in all their tissues, and by breeding these animals together, biologists could create mice that completely lack the two working copies of a given gene. Although they never formally collaborated, Evans "brought the ES cells to my lab in his own pocket," Smithies says, while Capecchi spent time in Evans's lab learning the technology.

Every biologist soon wanted a favorite gene punched out, and a handful of companies quickly began competing with places such as the Jackson Laboratory in Bar Harbor, Maine, to provide knockout strains to drug companies and academic labs. To date, researchers have knocked out at least 11,000 genes in mice, observing what goes wrong in development or adulthood and thereby gaining a sense of what the gene does. By deactivating specific genes this way, for example, Capecchi and his colleagues went on to identify ones that shape limbs, organs, and the overall mammalian body plan. Both Smithies and Evans developed mice lacking the cystic fibrosis gene, one of many knockout mouse strains created to mimic a human illness. Indeed, there is now a worldwide effort to knock out every mouse gene (Science, 30 June 2006, p. 1862).

Skeptical grant reviewers were not the only hurdle Capecchi overcame on his way to scientific stardom. As a child in war-torn Italy, he survived alone--often begging and stealing on the streets--between the ages of 4 and 9 while his mother, a poet, was imprisoned in the Dachau concentration camp for her anti-Fascist writings. After the war, she tracked down a very malnourished Mario in a hospital, and a few days later they were on a boat to the United States to live with her brother in Pennsylvania. The young Mario expected the streets to be literally paved with gold, he told a press conference in Salt Lake City on the day he won the prize. What he found instead, Capecchi says, "was opportunity."

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Evolutionary genetics: Making the most of redundancy

Edward J. Louis1

Single genes, chromosomal regions and even entire genomes can undergo duplication. What good can come of these extra copies? Evolution seems to use several tricks to take advantage of the situation.

Gene mutations often result in abnormal levels or function of their protein products. Consequently, the divergence rate of DNA sequences that encode genes is generally slower than that for non-coding sequences. So how does new genetic material arise? One valuable source is sequences formed through gene and genome duplication events.

The commonest consequence of genomic duplication seems to be the loss of all or part of duplicated sequences through deletion1 or degeneration2, causing non-functionality. This can be a powerful evolutionary force — for example, gene loss in response to whole-genome duplication led to rapid speciation in yeast3. Alternatively, although it is much less-well understood, one or both of the duplicated sequences might acquire new functions, as they are under less selective pressure, and can afford to undergo mutations that would lead to new characteristics and functions. On page 677 of this issue, Hittinger and Carroll4 analyse one such pair of duplicated genes with divergent functions.

story

Cancer: Micromanagement of metastasis

Patricia S. Steeg1

Although they were discovered only in the early 1990s, many regulatory functions of microRNAs — naturally occurring short RNA sequences — have already been reported. The latest news is that they mediate cancer spread.

To successfully spread, or metastasize, a tumour cell must complete a complex set of processes, including invasion, survival and arrest in the circulatory system, and colonization of foreign organs1. How are these events regulated? In a paper published in this issue (page 682), Ma et al.2 propose that microRNAs (miRNAs), which regulate levels of messenger RNAs (mRNAs), coordinate some of the intricate gene-expression programmes implicated in cancer metastasis.

story

Doctors not to blame over HIV infection by tainted blood

Canadian court acquits medics accused of negligence.

A Canadian court has acquitted four doctors and a US blood products company of criminal negligence in the case of four haemophiliacs who were infected with HIV after receiving transfusions of tainted blood in the 1980s.

After a five-year police investigation and a lengthy trial that involved more than 100 witnesses and 1,000 exhibits, Judge Mary Lou Benotto of the Ontario Superior Court of Justice in Toronto effectively said that the doctors and the company were not only acquitted but fully exonerated.

“The allegations of criminal conduct on the part of these men and this corporation were not only unsupported by the evidence, they were disproved,” Benotto wrote in her 1 October decision. “The events here were tragic. However, to assign blame where none exists is to compound the tragedy.”

The case is the latest of numerous global investigations into the circumstances in which thousands of patients were given infected blood even after it became known, in autumn 1984, that heat treatment killed HIV in blood products. More than 1,000 Canadians, about 700 of them with haemophilia, were infected by HIV from transfusions, almost all of them before mid-1985.

The Canadian court case addressed the infection of 4 people in British Columbia and Alberta in 1986 and 1987. They received an HIV-infected blood-clotting product made by Armour Pharmaceutical, then a maker of blood products based in New Jersey.

The now-elderly doctors charged were Roger Perrault, then the national director of the Canadian Red Cross blood transfusion service; John Furesz, then director of Health Canada's Bureau of Biologics (BDB); Wark Boucher, who headed the BDB's blood product division; and Michael Rodell, then a vice-president of Armour Pharmaceutical.

The Canadian Hemophilia Society said it was “surprised and disappointed” by the outcome. “This verdict sends the wrong message to those responsible for the health of the public,” Pam Wilton, its president, said in statement.

But David Scott, an Ottawa lawyer who defended Furesz, said: “These charges were undoubtedly politically motivated. If those in charge of the criminal process succumb to political pressure to lay criminal charges in inappropriate cases, they will unwittingly undermine the public confidence in the administration of justice.”

Lawyers for the Crown didn't say whether they plan to appeal within the 30-day time frame allowed. “I cannot imagine them doing so,” says Edward Greenspan, the Toronto lawyer who represented Perrault. “But then again I couldn't imagine them spending 17 months in a court of law proving nothing.”

Kill king corn

Biofuels need new technology, new agronomy and new politics if they are not to do more harm than good.

Zea mays has become the very emblem of plenty, with rich golden cobs of corn (maize) overspilling from some of the most effectively farmed arable lands on the planet. Jatropha curcas, on the other hand, is an unprepossessing and indeed toxic plant, better suited to scrubland and hedges. Yet in the world of biofuels, ugly-duckling jatropha has the potential to be, if not a hero, then at least one of the good guys, and a harbinger of better things to come. The golden-headed siren corn, on the other hand, is inspiring a wrong-headed gold-rush — to a dead-end of development that is polluting the modest aspirations the world might have for biofuels in general.

The common complaints about biofuels — and they seem to become more common by the day — are that they are expensive and ineffective at reducing fossil-fuel consumption, that they intensify farming needlessly, that they dress up discredited farm subsidies in new green clothes, and that they push up the price of food. All these things are true to some extent of corn-based ethanol, America's biofuel of choice, and many are also true of Europe's favoured biodiesel plans.

As far as the greenhouse goes, figures from the International Institute for Sustainable Development's Global Subsidies Initiative put the cost of averting carbon dioxide emissions by using corn-based ethanol at more than $500 a tonne of carbon dioxide. What's more, the heavy use of nitrogen fertilizer in growing corn leads to significant emissions of nitrous oxide, an even more potent greenhouse gas.

Despite this, the generous tax allowance of 51 cents a gallon given to ethanol blenders in the United States has made corn peculiarly profitable (provided that tariffs continue to keep out far more efficiently produced ethanol from the sugar plantations of Brazil). In a recent article in Foreign Affairs, C. Ford Runge and Benjamin Senauer of the University of Minnesota in Minneapolis point to estimates that this artificial price-hike will drive world corn prices up by 20% by 2010. This has a knock-on effect on other staple crops — more land for corn means less for wheat, for example. Higher prices are good news for farmers, including some of those in developed countries. But they can be bad news for the very poor, who spend a disproportionate amount of their income on food. According to World Bank studies, for the poorest people in the world a 1% increase in the price of staple food leads to a 0.5% drop in caloric consumption.

This sorry state of affairs has the small benefit of providing a stark, contrasting background against which to sketch out what a successful and sustainable biofuels industry might look like. It will be based not on digestible starch from staple crops such as corn or cassava, but for the most part on indigestible cellulose, with some room for biodiesels that, because they grow on marginal land, do not compete with food production. In the medium to long term, it will not seek to produce ethanol — a poor fuel — but a range of more complex fuels delivered by carefully designed microbes.

A successful biofuels industry will not be based on digestible starch from staple crops such as corn.

A rosy biofuels future will enjoy the benefits of free trade, allowing the countries and peoples of the tropics to ship some of their abundant sunlight north in the form of fuel. It will also require serious amounts of agronomic research — as we report on page 652, one of the most significant problems with jatropha is that, as yet, remarkably little is known about how best to grow and improve it. One focus of such research must be in the development of plants, such as jatropha, that make do on little water, and those that require low inputs of nitrogen. This is inherently more feasible in the case of fuels, where all that needs to be taken out of the system are carbon and hydrogen, than in the case of food, where there is a need to export nitrogen in the form of protein as well. Another focus will be on systems that actively store carbon in the soil, improving it for future agricultural use and at the same time doing a little bit more to take the edge off the carbon/climate crisis.

Biofuels are unlikely ever to be more than bit-players in the great task of weaning civilization from Earth's coal-mine and oil-well teats. But they may yet have valuable niches — including some that allow them to serve some of the world's poor, both as fuels for their own use and as exports. Provided, that is, that someone kills king corn.

Of Attraction and Rejection — Asthma and the Microbial World

n the first half of the past century, it was thought that asthma was precipitated or prolonged by infection and that infection with several bacteria, including Streptococcus pneumoniae and Haemophilus influenzae, had a role in asthma.1 Some investigators had suggested that bacterial allergy or chronic focal infection could be a cause of asthma.2 More recently, population-based studies relating infections with Chlamydia pneumoniae and Mycoplasma pneumoniae to asthma severity encouraged a resurgent debate, but clinical trials involving various antibiotics failed to demonstrate sustained clinical benefit.1

In this issue of the Journal, Bisgaard and colleagues7 propose an alternative explanation; that is, that bacterial colonization of the airways may induce neutrophilic inflammation in the airways and thereby cause asthma. In their prospective study, in which they followed children at risk of asthma from birth to age 5 years, detection of S. pneumoniae, H. influenzae, Moraxella catarrhalis, or a combination of these organisms in aspirates of the hypopharyngeal region at 4 weeks of age was a significant predictor of asthma, reversible airway obstruction, blood eosinophil concentration, and total IgE at age 5 years.

story

Pluripotency Redux — Advances in Stem-Cell Research

A cell's ability to give to rise to all the cell types of the embryo and the adult organism is called pluripotency. Pluripotent cells are found within mammalian blastocysts and persist briefly in embryos after implantation. Embryonic stem cells, derived from the inner cell mass of blastocysts, are a renewable source of pluripotent stem cells that are proving valuable in basic science studies and may eventually become a source of cells for safe, effective cell-based therapies. Much embryonic stem-cell research has focused on determining the molecular signature of pluripotency, and a picture is emerging of a complex interaction among transcription factor networks, signaling pathways, and epigenetic processes involving modifications in the structure of DNA, histones, and chromatin.

Deciphering the molecular basis of pluripotency will facilitate the development of procedures for efficiently deriving patient-specific stem cells. In somatic-cell nuclear transfer, which has held the greatest promise for generating such cell lines, the nucleus of a somatic cell is introduced into an enucleated oocyte or mitotic zygote and is "reprogrammed" to an embryonic state, resulting in the formation of a blastocyst from which embryonic stem cells can be derived. Although this procedure has been demonstrated in animals, it has yet to be accomplished with human oocytes or zygotes. An alternative approach to reprogramming a somatic cell is to fuse it with an embryonic stem cell, but the resulting hybrid pluripotent cell is tetraploid and of limited practical application.

Against this background, a study published last year by Takahashi and Yamanaka1 surprised and excited stem-cell biologists. Using a novel strategy, the investigators showed that fibroblasts derived from tissues of adult and fetal mice could be induced to become embryonic-stem-cell–like cells with the introduction of four genes expressing transcription factors. Twenty-four genes were initially chosen as candidates on the basis of their preferential expression in embryonic stem cells or their known roles in the maintenance of such cells or in cell-cycle regulation. These genes were introduced into fibroblasts isolated from mouse embryos and adult tail tips in a combinatorial manner through retroviral transduction.

story

Governo limita tratamento de hepatite na rede pública

Pela nova regra, a fibrose deve ter nível acima de 2

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde publicou ontem no "Diário Oficial" da União uma resolução que restringe a abrangência do tratamento para a hepatite C crônica na rede pública.
Pela nova regra, terão direito a tratamento pacientes com fibrose a partir do nível dois, em uma escala de degeneração do fígado de um a cinco, sendo cinco a mais grave. A resolução de 2002, que estava em vigor antes, previa que teriam acesso a tratamento pacientes com fibrose a partir do grau um.
No entanto a restrição não vale para as pessoas que, além de hepatite C, são portadoras do vírus HIV. "O governo quer esperar as pessoas piorarem para dar tratamento", disse Carlos Varaldo, coordenador do Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite, que reúne portadores da doença. Ele disse ver motivos econômicos na decisão.
A coordenadora do Programa Nacional de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Gerusa Figueiredo, negou. Segundo ela, a restrição, que já seria feita na Europa e nos EUA, é motivada pela quantidade de efeitos colaterais dos medicamentos e pelo índice de eficácia deles ser menor do que 80%.
Ela afirma que, como há novas drogas sendo testadas, pessoas com grau um poderiam utilizá-las dentro de três anos com menos efeitos colaterais. De acordo com a coordenadora, havia um erro de redação na regra de 2002. O texto mencionava que teriam direito a tratamento pessoas com grau de fibrose de moderada a grave, o que, segundo ela, corresponde à faixa do grau dois em diante.
Para Juvêncio Furtado, da diretoria da Sociedade Brasileira de Infectologia, a passagem do grau um para o grau dois leva, em média, cinco anos. Por isso, ele diz que há casos em que é melhor adiar os efeitos colaterais. Mas ressalta: "Aos 60, 65, talvez seja melhor tratar, pois pode ser a única chance".

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ceará intensifica combate à leishmaniose após 15 mortes

Doença contaminou 254 pessoas desde janeiro; meta era erradicar os casos no Estado ainda em 2007

Lauriberto Braga, FORTALEZA

Quinze pessoas morreram e outras 254 contraíram leishmaniose visceral - popularmente conhecida como calazar - neste ano no Ceará. Os números preocupam as autoridades de saúde do Estado porque a meta para este ano era erradicar a doença. Por isso, o combate à leishmaniose será intensificado a partir de hoje. Duzentos médicos, enfermeiros, veterinários, mobilizadores sociais e agentes de endemias de dez municípios serão preparados para fazer o diagnóstico e tratamento.

No ano passado, 32 pessoas morreram com a doença. De 1986 a 2006 - período de grande incidência da doença, considerada como uma das principais endemias do mundo -, foram registrados 137 óbitos no Ceará.

Segundo orientação do Ministério da Saúde, os municípios cearenses foram divididos em três níveis de risco de transmissão: intensa, moderada ou esporádica sem transmissão. A separação baseou-se na média de casos de 2002 a 2006. As cidades com transmissão intensa são Caucaia, Barbalha, Bela Cruz, Canindé, Crateús, Crato, Fortaleza, Granja, Ipu, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Mauriti, Novas Russas, Sobral e Viçosa do Ceará.

Em Caucaia, situada na região metropolitana de Fortaleza, o combate a esse tipo de leishmaniose utiliza as campanhas de vacinação anti-rábica pdetectar a quantidade de animais doentes. Na cidade são feitos também exames de sorologia. Em duas campanhas, foram examinados 40 mil animais, sendo que 767 deles tiveram de ser sacrificados.

O foco da doença é o mosquito Lutzomyia longipalpis, o único responsável pela transmissão do protozoário leishmânia tanto do cão para o homem como do homem para o cão. Outros animais também podem ser contaminados pela doença, como raposas, gambás e roedores.

O aumento do número de mortes no Ceará está relacionado à dificuldade de se estabelecer o diagnóstico precoce, imprescindível para o início do tratamento. Sintomas como febre, inchaço no baço e no fígado, emagrecimento e apatia são semelhantes aos da dengue.

Ao picar um animal ou homem com leishmaniose visceral, o mosquito transmissor - também conhecido como mosquito-palha, birigüi, barigüi, bererê e tatuquira - contribui para o ciclo de proliferação da leishmânia, passando a doença por meio de outras picadas. Entre as medidas indicadas para o combate do mosquito estão: manter os quintais, estábulos e galinheiros limpos, livres de fezes, folhas e frutas em decomposição; recolher o lixo e garantir sua adequada coleta; e manter os cães bem tratados, vacinados e dentro de casa.

3 Win Nobel in Medicine for Gene Manipulation

NEW YORK (AP) -- As a child in Italy during World War II, he lived for years on the streets and in orphanages. Six decades later, as a scientist in the United States, Mario Capecchi joined two other researchers in winning the Nobel Prize in medicine.

Their work led to a powerful and widely used technique to manipulate genes in mice, which has helped scientists study heart disease, diabetes, cancer, cystic fibrosis and other diseases.

The $1.54 million prize was awarded Monday to Capecchi, 70, of the University of Utah in Salt Lake City; Oliver Smithies, 82, a native of Britain now at University of North Carolina in Chapel Hill, and Sir Martin J. Evans, 66, of Cardiff University in Wales.

Their ''gene-targeting'' technique lets scientists deactivate or modifying individual genes in mice and observe how those changes affect the animals. That in turn gives clues about what those genes do in human health and disease.

The work has had ''a revolutionary effect on the ability to understand how genes work,'' said Richard Woychik, director of The Jackson Laboratory in Bar Harbor, Maine, a center for mouse genetics.

The prize is a particularly striking accomplishment for Capecchi (pronounced kuh-PEK'-ee). A native of Italy, he was separated from his mother, a poet, at age 3 when the Gestapo took her to the Dachau concentration camp as a political prisoner in 1941. He spent a year with a peasant family, until the money she'd left for his care ran out.

At age 4, ''I started wandering the streets,'' he recalled Monday. For about four years, he lived on the streets or in orphanages, and he ended up in a hospital with malnutrition.

Dachau was liberated in 1945 and his mother survived.

''Then she set out to find me,'' searching through hospital records. ''I was in a hospital and when they keep you in a hospital, they didn't want you to run around. They took your clothes away. She came and bought me an outfit.''

She showed up on Capecchi's 9th birthday. Soon thereafter, ''we were on a boat to America ... I literally expected roads to be paved with gold. What I found was, it was a land of opportunity,'' he said.

In the United States, he went to school for the first time, starting in third grade despite not knowing English.

The three prize-winning scientists mostly worked separately, although they exchanged information about their research. Evans identified embryonic stem cells in mice, while the gene-targeting technique used on those cells came from work by Capecchi and Smithies.

Capecchi's work has uncovered the roles of genes involved in organ development in mammals, the committee said. Evans developed strains of gene-altered mice to study cystic fibrosis, and Smithies created strains to study such conditions as high blood pressure and heart disease.

To create gene-altered mice, researchers introduce a genetic change into mouse embryonic stem cells. These cells are then injected into mouse embryos. The mice born from these embryos are bred to produce offspring with the changed genes.

In 1989, the first mice born with genes manipulated through the technique was announced. More than 10,000 different genes in mice have since been studied this way, the Nobel committee said. That's about half the genes the rodents have.

Apart from making mice with altered DNA, the work has also shown how to manipulate genes in human embryonic stem cells for lab research. Such basic studies can help scientists learn how to turn the cells into specialized cells that might prove useful in therapy, said Doug Melton, director of the Harvard Stem Cell Institute.

And scientists hope that by putting disease-related genes into human embryonic cells for lab studies, they can learn how the diseases develop and screen potential therapies, said John Gearhart, a stem cell expert at the Johns Hopkins School of Medicine.

The prize-winning work has ''formed the foundation for much of what we do'' in human embryonic stem cell research, Melton said.

Evans, asked Monday about the prize while visiting his daughter in Cambridge, England, said, ''I haven't come to terms with it yet. In many ways it is the boyhood aspiration of science, isn't it? And here I am unexpectedly with it. It's amazing.''

Moments after a 5 a.m. call from Sweden, Smithies called the Nobel ''very gratifying.''

''My work was never toward getting the Nobel Prize,'' Smithies told The Associated Press over a cup of tea at his lab a few hours after the Nobel committee called with the news. ''It was solving a problem, and enjoying the solution.''

Smithies said he hopes winning the prize will make it easier to secure funding for other work.

The medicine prize was the first of the six prestigious awards to be announced this year. The others are chemistry, physics, literature, peace and economics.

The prizes are handed out every year on Dec. 10, the anniversary of award founder Alfred Nobel's death in 1896.

Since the medicine prize was first awarded in 1901, 90 Americans and 29 Britons have received it.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Promising AIDS Vaccine's Failure Leaves Field Reeling

On Tuesday 18 September, AIDS vaccine research suffered one of its most devastating setbacks.

That day, an interim safety analysis that no one expected would reveal anything significant showed that the vaccine widely thought to have the best shot at success had failed in a large human trial. "We were all in shock and devastated," says Peggy Johnston, who heads AIDS vaccine research at the National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) in Bethesda, Maryland, which was one of three partners conducting the multicountry trial of the vaccine, made by the pharmaceutical giant Merck.

Three days later, Merck, NIAID, and an academic consortium known as the HIV Vaccine Trials Network (HVTN) announced that the trial, dubbed STEP, had been halted. Started in December 2004, the trial involved 3000 HIV-negative men and women from North and South America, the Caribbean, and Australia who were at high risk of becoming infected.

AIDS researchers around the world were stunned by the trail's results. "This was the first AIDS vaccine clinical trial in history where most people thought they'd at least see something positive," says John Moore, an AIDS researcher at Weill Cornell Medical College in New York City. "It's very dispiriting for the field," says Lawrence Corey, an AIDS researcher at the University of Washington, Seattle, who also heads HVTN. "It will take time to unravel where this leaves us and how we move forward."

Figure 1 Knocked out. Disappointing interim results abruptly ended a Merck vaccine trial that used this recruiting poster.

CREDIT: COURTESY OF HVTN

Researchers had pinned their hopes on Merck's vaccine because it uses a novel strategy. Instead of trying to trigger antibodies to HIV, as most other candidates do to some degree, this one relies exclusively on another arm of the immune system that stimulates what are known as killer T cells. HIV has so many mutant types that it's easy for the virus to dodge antibodies. Killer T cells, in contrast, appear to work against a wide array of variants, selectively targeting and destroying cells that the virus has managed to infect. Although only antibodies can actually prevent infections, the hope was that a T-cell vaccine might beat back HIV before it could get a foothold, or at least keep levels of the virus (the viral load) in check.

To trigger the T-cell response, the vaccine uses a modified adenovirus, or cold virus, as a vector to shuttle three HIV genes into the body. But many people have strong immunity to that adenovirus, which theoretically could cripple the vector and render the vaccine ineffective. To assess the magnitude of this problem and increase chances that the vaccine would work, half of the people enrolled in the study had to have low antibody levels against that adenovirus. The interim analysis focused on only those 1500 people, most of whom were men who have sex with men.

In participants who received at least one dose of the vaccine, 24 of the 741 vaccinated people became infected, compared with 21 of the 762 participants who received a dummy shot. More discouraging still, there was virtually no difference in viral loads between the two groups. "I was hopeful we'd see some dampening of viral replication," says Norman Letvin, an AIDS vaccine researcher at Harvard Medical School in Boston, Massachusetts, whose earlier monkey studies with the vaccine did show such a decline.

Letvin and his colleagues vaccinated monkeys and then challenged them with a lab virus, SHIV, which combines HIV with its simian cousin SIV. But when another group later tested the Merck vaccine against a more potent SIV, it failed. To Ronald Desrosiers, head of Harvard's New England Primate Research Center in Southborough, Massachusetts, that failure should have raised more red flags. "Everything protects against SHIVs," says Desrosiers.

Anthony Fauci, NIAID's director, worries that the Merck failure will give the broader T-cell vaccine concept a bad rap. "Clearly this indicates the failure of a product. Whether or not it indicates the failure of a concept, we don't know at this point," Fauci says. NIAID researchers have developed another T-cell vaccine that has more HIV genes and differs in several other key features. A large-scale trial was slated to start this fall but has been delayed pending a more thorough analysis of the STEP results. HVTN has also put on the back burner its plans for a trial of the Merck vaccine in South Africa.

Fauci worries, too, that the failure could have reverberations throughout the pharmaceutical industry, which already is wary of investing in AIDS vaccine research and development. "There's certainly a danger of industry scratching its head and saying before we put substantial resources in, we need more sound scientific data," says Fauci.

Merck, based in Whitehouse Station, New Jersey, would not speculate about the future of its AIDS vaccine program. "The best thing we can contribute to the field overall is a thorough analysis of the data," says Mark Feinberg, the company's vice president of medical affairs. Many intriguing questions remain, he notes, such as what happened in the other 1500 participants, what was the immune responses in the "breakthrough" infection cases, and are there differences in heterosexual transmission (so far, only one woman out of the 1000 volunteers became infected). "It's not like we're not interested in the questions anymore, but it's unclear where the next breakthrough will come from," he says. "And that's not just a question for Merck. It's a question for the entire field."

Hospital privado investe em ciência

Instituições tradicionais estruturam institutos de pesquisa e ensino para captar recursos e melhorar atendimento

Paula Pereira

O Hospital do Coração (HCor) inaugura amanhã uma extensão de sua sede, no bairro do Paraíso, em São Paulo. No lugar de leitos e consultórios, o 11º e o 12º andar do prédio vão abrigar computadores, baias de escritório e prateleiras de livros do mais recente investimento da instituição: um centro de ensino e pesquisa. Seguindo uma tendência internacional, capitaneada por países como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, hospitais privados brasileiros investem em produção científica, abrindo núcleos próprios e conveniando-se a importantes centros mundiais de saúde.

“Antes, foi a era do tomógrafo e dos equipamentos. Hoje, hospital bom é o que gera conhecimento”, diz Otávio Berwanger, diretor do instituto do HCor, especializado em pesquisas clínicas. “Com essa estrutura, vamos ter capacidade para coordenar projetos internacionais.” Pelo menos dois já estão em andamento, em parceria com uma universidade canadense - um sobre um anticoagulante para pacientes de UTI e outro sobre procedimentos para prevenir problemas cardíacos em cirurgias.

Há três meses, o Beneficência Portuguesa também decidiu reunir pesquisas isoladas do corpo clínico estruturando seu próprio instituto, que deve ser inaugurado em abril. Atualmente, 12 estudos são realizados em convênio com entidades de dez países. No primeiro semestre, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz abriu as portas de seu Instituto de Ciências, com orçamento de R$ 5 milhões para estudos em terapias celulares, capacidade individual de resposta a tratamentos e imunologia de tumores. Mais de 30 projetos estão em análise ou em andamento, inclusive testes de medicamentos em conjunto com a indústria farmacêutica.

“Com esse aporte inicial, esperamos alavancar parcerias que potencializem o investimento”, diz o diretor-superintendente, José Henrique do Prado Fay. Simpósios, reuniões científicas, cursos de educação continuada e até lato sensu fazem parte do programa.

Outras instituições tradicionais, como o Israelita Albert Einstein e o Sírio-Libanês, em São Paulo, e o Moinhos de Vento, em Porto Alegre, entraram no ramo há mais tempo. “O hospital não é mais o lugar onde você só vem para ser internado. Vai cuidar do paciente desde a prevenção até a internação”, afirma Roberto Padilha, do núcleo de estudos do Sírio. Com um orçamento de R$ 1 milhão, fora financiamentos de agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Instituto de Ensino e Pesquisa do Sírio existe formalmente desde 2003 e tem atualmente 41 protocolos em curso, além de grupos de pesquisa em neurociência, dor, trombose, células-tronco e cardiologia.

De um modo geral, os hospitais já têm algum tipo de pesquisa desenvolvido isoladamente em reuniões científicas ou pequenos grupos. Mas formalizar a estrutura abre portas para financiamentos e parcerias acadêmicas importantes. Foi esse movimento que cresceu nos últimos cinco anos. Alguns centros desenvolvem pesquisa de base, laboratorial, como o Albert Einstein. Mas a maioria se concentra em pesquisa clínica, que investiga a eficácia de medicamentos e protocolos médicos.

INVESTIMENTO PRIVADO

“Na curva de evolução da criação dos comitês de pesquisa, fica claro o investimento do setor privado nos últimos cinco anos”, diz a coordenadora da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), ligada ao Ministério da Saúde, Gysélle Tannous. Segundo ela, dos 565 comitês de ética e pesquisa existentes hoje no País, cerca de 50% foram criados por entidades particulares - a maioria a partir de 2002.

“Investir em pesquisa leva à sistematização da rotina médica e, conseqüentemente, a melhores resultados”, afirma Ricardo Brentani, diretor-presidente da Fapesp e diretor-presidente do Hospital A.C. Camargo, o Hospital do Câncer, instituição pioneira na associação entre ensino e pesquisa e atendimento, referência na América Latina.

Um estudo da Universidade de Alabama, nos Estados Unidos, comprova o raciocínio de Brentani. Realizada em 2000 com 4,3 mil hospitais divididos entre assistenciais, com algum tipo de ensino e pesquisa e outros com centros estruturados, revelou que a prescrição de medicamentos com benefício comprovado é entre 20% e 25% maior nos que investem em ciência.

Para Gysélle, do Conep, a instituição que aposta nessa tendência se beneficia, principalmente, com a capacitação de pessoal. “Evita que o profissional se acomode e o ajuda a manter uma postura mais reflexiva sobre sua prática.” No final, quem ganha é o paciente, que se sente mais confiante na instituição e nos médicos.

Fidelidade partidária; infidelidade programática

Durante algum tempo fui contra a fidelidade partidária, acho que no início da Nova República. Achava que seria uma ferramenta que impediria o aparecimento de novos partidos e lideranças; que repetiria o velho modelo brasileiro de partidos administrados por uma burocracia (ou por coronéis) centralizada, sem atenção para as diversas características do país.

De lá para cá houve uma multiplicação de partidos, o aparecimento de partidos de aluguéis, e um sistema de presidencialismo de coalizão que abriu espaço para toda sorte de cooptação.

Por isso mesmo, considero importante a votação do STF (Supremo Tribunal Federal) de instituir a fidelidade partidária.

Por outro lado, há outra questão bastante concreta: o Brasil não dispõe mais de partidos. Os partidos que nasceram com a redemocratização envelheceram, perderam a embocadura, não são mais programáticos.

Quando se analisa a quantidade de parlamentares eleitos por votos de legendas, ou a quantidade de suplentes que assume cargos sem ter recebido votos, reforça-se a idéia de que os votos deveriam ser dos partidos. Mas quando se vê esse enorme vácuo político no horizonte, temo que a legislação possa ser um empecilho à formação de novos partidos.

Tomo o meu caso. O PT não me satisfaz. Tinha alguma esperança no PSDB não-fernandista. Hoje esse núcleo não existe mais, com alguns dos melhores quadros se aliando a uma direita raivosa e a um jornalismo de esgoto, achando que é o caminho para o poder.

Jamais vou me filiar a partidos. Mas teria imensa simpatia por um partido não-ideológico, de cunho nacionalista, porém sem xenofobia, que soubesse somar sem preconceitos os diversos ativos que compõem o país hoje em dia: a recuperação do papel do Estado; o fortalecimento das pequenas empresas; a continuidade das políticas sociais atuais, com ampla prioridade para saúde e educação; o fortalecimento da grande empresa nacional, mas dentro de uma estratégia de consolidar cadeias produtivas de pequenas empresas; a defesa intransigente do emprego e da produção nacional; o controle dos fluxos de capitais; os pactos com multinacionais, para atrair investimentos produtivos para o país; a implantação da gestão em todos os níveis de governo.

Um partido como esse conseguiria atrair inúmeros quadros dos demais partidos. Mas qual a chance disso acontecer?

Existe um mundo real e o mundo da política. O mundo real não está muito ligado nessas coisas. Nos ambientes que freqüento, de reuniões empresariais aos botecos, essa discussão não prospera muito. Entre empresários há um sentimento difuso de preconceito em relação ao Lula, muito mais como resultado da campanha de mídia. Em vários setores empresariais – como na construção civil -, Lula é idolatrado. Em outros – especialmente pequena e média empresa e setores exportadores -, é detestado. Em alguns setores sumamente beneficiados, como o mercado financeiro, é suportado. Mas não há ideologia: há interesses.

No mundo da política (e da parcela mais oportunista da mídia) a discussão regrediu cinqüenta anos, para um plano ideológico que não existe mais em nenhuma parte do mundo. De um lado, discutindo Mao, Fidel, a Guerra Fria, pedindo queima de livros e tentando enquadrar o governo Lula em um modelo ideológico que, nem quando o modelo estava vivo, Lula embarcou. Na outra ponta, a desconfiança em relação ao lucro, aos modelos de gestão. Tudo isso compõem um quadro tão antigo quanto a Guerra Fria. Parece que o Almirante Penna Botto saiu do túmulo, e está sapateando no cemitério de braços dados com Prestes.

A fidelidade partidária induzirá os partidos a serem mais programáticos ou, pela falta de alternativas, acirrará esse jogo primário? Essa é a questão.

Luis Nassif