segunda-feira, 31 de março de 2008

O jornalismo de Veja

Luis Nassif

Um exemplo sobre como é o jornalismo de Veja. Estamos aqui discutindo hipóteses, fatos, dados.

A resposta de Veja foi escalar seu blogueiro para novos ataques baixos. Escreve que pratico ou pratiquei "achaques" - como escreveu, durante meses, que eu tinha sido demitido da Folha por ter recebido propinas. Meses e meses, até que Otávio Frias Filho veio a público desmentir a injúria. E o que aconteceu com meses de injúrias? Nada. Agora trocam para "achaques". Nenhum detalhe, nenhum dado. Apenas a acusação de que pratiquei "achaques", com a facilidade e a ligeireza dos doentiamente amorais.

Esse é o padrão de jornalismo digital da Veja, que a Abril não tratou de moderar até hoje. A Editora continua sem rumo, sem controle sobre sua principal publicação, permitindo que as páginas do seu portal sejam invadidas por um padrão que não se encontra nem em regiões de baixo meretrício.

Com a Internet, a Abril se expõe perante o mundo. Qualquer cidadão, de qualquer parte, que quiser analisar a Veja, terá à sua disposição arquivos do mais fétido jornalismo. Não é minha imagem nem de outras vítimas de ataques que serão afetadas. A não ser um grupo de leitores de baixo nível, esses ataques jamais foram levados a sério por qualquer fonte relevante, por qualquer pessoa com um mínimo de raciocínio.

A vítima é a imagem da própria Abril.

Continuo torcendo para que a Editora acorde e recupere os padrões que, em algum ponto distante da história, a tornaram um referencial de qualidade no país.

Para entender melhor esse jogo, leia o capítulo "A Cara da Veja"

Enviado por: Colin

Eu gostaria de ver um analise técnico do último capítulo na saga sem fim de "dossiês" feitos para "chantagear."

É fascinante ver a revista continuar na mesma linha, como se fosse um tubarão com um único comportamento programado no seu cérebro primitivo: continua nadando com a boca aberta, ou morra.

Para mim, esse último "escándolo" foi mais um locus classicus de (1) o uso de fontes anónimas sem a devida justificativa e (2) a divulgação de informações parciais (uma entradas de tal base de dados) sem contexto (do qual informações sobre a fonte formam parte, claro.

Quando você fica acusado de dar espaço a dossiês espúrios, denuncia que seus adversários façam a mesma coisa. Isso também forma parte do "estilo neocon."

Me lembro das acusações deles contra o senhor de ter recebido jabá. Foi importante criar a impressão que o senhor não tinha "moral" de julgar o comportamento deles. "Ladrão chamando ladrão de ladrão." Como Gaspari disse uma vez, "O folclore da corrupção é um bom negócio -- para os corruptos."

Mais o que eu mais respeito nesse projeto seu é a aula que anda dando a focada sobre os fundamentais do jornalismo. A Veja fala muito de moral e ética, mais a revista fica ilegível mais por causa do fator epistemológico do que qualquer outro. Nos convida a acreditarmos em OVNIs sem oferecer a devida entrevista com ET.

Coragem, então, Nassif. Siga escrevendo. Vai dar um belo livro.

Por weden

Uma coisa é importante ressaltar: a banda pobre da redação (justamente porque nem todo profissional ali faz o jogo sujo) está no limite do suportável.

Eles não agüentam mais esta série. Conseguem fingir que não estão incomodados. Contraditoriamente, tentam processá-lo.

O efeito multiplicador da rede deixa-os descofiados de que alguma coisa ruim está por vir.

Sabem que uma revista não vive só de faturamento. O início da rejeição de grupos de leitores mais críticos já é uma realidade.

Mas há algo pior acontecendo: a banda podre da Veja se escondia por trás da marca Veja.

Usaram e abusaram dela porque tinha prestígio. Não desistiram de iniciativas anti-jornalísticas porque o dano no máximo recairia sobre a própria marca, forte no mercado. Usaram o veículo como escudo.

Só que agora suas reportagens começam a deslindar uma rede de profissionais que solapam o capital simbólico da rede, como gerentes de luvas negras na calada da noite.

Antes só se discutia o jornalismo da Veja. Agora se dá nome aos bois. Os nomes estão nas ruas.

O pior para eles não é que a Veja não tenha 1 milhão de leitores. Não se perde 1 milhão de leitores da noite para o dia. E não acredito que qualquer cidadão brasileiro deseje isso.

O pior para eles é simplesmente que a Veja seja "apenas" uma segunda posicionada no mercado.

O medo deles é que passem à História como os responsáveis diretos pela perda da liderança.

Antes não era problema deles. Agora é única e exclusivamente deles.

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