quinta-feira, 26 de julho de 2007

Os vetos cruzados

Saí de uma longa conversa com o professor Jorge Tápias, da Unicamp, colaborador estreito do Projeto Brasil. Ele usou um termo interessante para caracterizar o momento político atual: os vetos cruzados.

A definição vale para a agenda negativa que tomou conta do país. Há uma perda de rumo ampla e irrestrita, de grupos que se movem exclusivamente em cima dos vetos aos contrários.

Os estudantes da USP, assim como os da Unicamp, invadiram as respectivas reitorias. A agenda de reivindicações era mero álibi. Não havia uma proposta clara, mas um descontentamento difuso. Os empresários decidem se manifestar. Nesse caso não há vetos, mas não há propostas.

Na mídia, todo movimento é contra Lula. Em vários ambientes – aqui, inclusive – grande parte das manifestações é contra a mídia, a favor de Lula, mas a favor de quê especificamente? Não há um projeto claro, seja do governo seja da oposição.

Mais que isso. Nos últimos anos mudou completamente o conceito de elite. A idéia de um grupo de letrados, ou grupos econômicos, ou lideranças políticos cedeu espaço a algo muito mais amplo, que inclui movimentos sociais, o sindicalismo.

Mas ninguém se assume como tal. Há enorme vácuo de idéias e propostas. Sem as idéias, fica-se nesse jogo do veto aos contrários. A política, hoje em dia, se chama lulismo e anti-lulismo. Lulismo é a defesa de Lula. Antilulismo é o ataque a Lula.

Não existe nada de programático, de projeto de país, de manifestação de idéias.

Como em política não existe vácuo, há um espaço a ser ocupado. Quem vai tirar a Excalibur da pedra?

enviada por Luis Nassif, 26/07/07

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