Medida foi tomada para evitar contaminação por bactéria resistente a antibiótico
Tatiana Fávaro, CAMPINAS
OESP
A superintendência do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desocupou ontem 151 de 380 leitos. A medida preventiva foi tomada para evitar possível contaminação por bactéria. O HC determinou na segunda-feira o isolamento de pelo menos 17 pacientes portadores de variante da bactéria Enterococcus faecium e restringiu por até três semanas cirurgias e internações eletivas.
Dos 380 pacientes, 255 já passaram por exames e outros 125 deverão ser examinados hoje. Das cerca de 40 internações diárias, o número caiu a zero ontem. Cirurgias, só as urgentes, informou o superintendente em exercício, Manoel Bértolo. Diariamente, o HC realiza entre 30 e 35 cirurgias, entre emergenciais e eletivas. Ontem, foram feitas só 8.
O hospital fará a esterilização dos leitos desocupados e só deve voltar a receber pacientes de rotina quando as pessoas contaminadas com a variante resistente da E. faecium tiverem alta.
Como os pacientes do HC são encaminhados para Campinas pelas centrais de vagas do Estado, a Secretaria de Saúde já tomou providências para distribuir a demanda entre o Hospital Celso Piero, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, o Hospital Estadual de Sumaré e o Hospital Municipal de Jundiaí.
“Até ontem (anteontem), não havia recebido nenhuma informação sobre alta. Me ligaram para dizer que minha mãe deve sair do hospital”, afirmou ontem o vigilante Fábio Pessoa, de 28 anos. Sua mãe, Maria Aparecida Scoton, de 63, teve uma infecção após amputar as duas pernas, sofreu um enfarte e ficou em coma por cerca de um mês. Ontem, estava sendo alimentada por sonda, mas não precisava de ajuda de aparelhos para respirar. A superintendência do HC informou que a paciente tem condições de ter alta. Segundo Bértolo, as altas não serão adiantadas por causa do processo preventivo contra a bactéria.
A Enterococcus faecium, segundo especialistas, faz parte da flora do ser humano em condições normais de saúde, mas a forma variante encontrada demonstrou resistência a antibióticos. Os pacientes, porém, não estavam infectados.
Segundo o presidente do Centro de Controle de Infecções Hospitalares, o infectologista Plínio Trabasso, a presença da bactéria resistente foi identificada em exames de um paciente. “Posteriormente, encontramos em exames de mais pacientes e, por prevenção, resolvemos tomar medidas drásticas para impedir que haja algum tipo de infecção”, afirmou Bértolo.
A bactéria pode ter contaminado os pacientes por mutação ou disseminação cruzada, ou seja, por meio de instrumentos ou pelas mãos de profissionais. A variante resistente não causa problemas mais graves que as registradas com o tipo comum, como infecções urinária, sanguínea ou em ferimentos, segundo especialistas. Além disso, há um tipo de remédio, a linezolida, que pode combater a variante resistente aos antibióticos.
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