quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Após 9 dias, bactéria em Campinas é controlada

Hospital da Unicamp retoma atendimentos médicos

Tatiana Fávaro, CAMPINAS

O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) reabre gradualmente a partir de hoje para internações, consultas e cirurgias, suspensas desde a segunda-feira da semana passada. A medida havia sido tomada para evitar riscos de infecção por uma variante da bactéria Enterococcus faecium, resistente a antibióticos convencionais. Segundo o superintendente interino, Manoel Bértolo, o HC conseguiu controlar a colonização da bactéria nas enfermarias.

Desde o registro do primeiro caso de paciente colonizado, há duas semanas, o HC identificou 61 pacientes contaminados. Nenhum, porém, teve infecção, o maior risco no caso de colonização pela E. faecium. Embora os especialistas digam que a variante encontrada nos pacientes não cause maiores prejuízos à saúde, se comparada à bactéria suscetível aos antibióticos comuns, as medidas de restrição foram tomadas em caráter preventivo, disse Bértolo. Isso porque o risco de infecção por meio de bactéria cresce entre pacientes que passam por procedimentos cirúrgicos.

Bértolo informou que os pacientes liberados não correm riscos de ter uma infecção, a não ser que se submetam a alguma cirurgia. Nesses casos, os médicos deverão tomar conhecimento do histórico do paciente e adotar precauções necessárias, segundo informou o presidente do Centro de Controle de Infecções Hospitalares, Plínio Trabasso. Às famílias, a orientação é garantir a higiene do paciente, a limpeza da casa e cuidados de higiene no contato da família com a pessoa colonizada.

O superintendente disse que as medidas adotadas permitiram o controle necessário para a reabertura dos atendimentos com segurança.

Dos 61 pacientes colonizados, 17 estão no hospital e foram transferidos ontem para uma ala isolada. Dos 380 pacientes que estavam no hospital há duas semanas, havia apenas 150 pacientes internados. Até ontem, 142 leitos tinham passado pela desinfecção. As equipes médicas ainda aguardavam confirmação de resultados de exames de 34 pacientes.
Durante aqueles nove dias, as equipes médicas realizaram 25 cirurgias de urgência e 18 procedimentos eletivos, número bem abaixo da média diária de 40 cirurgias.

A E. faecium é uma bactéria que faz parte da flora natural do ser humano em condições normais de saúde. A forma variante encontrada em 61 pacientes demonstrou ser resistente aos antibióticos comumente utilizados. A variante resistente seria suscetível apenas a um tipo de antibiótico, o que restringe muito o tratamento em casos de infecções, informaram os médicos.

Durante a restrição dos atendimentos no HC, os pacientes foram direcionados pela Secretaria de Estado da Saúde principalmente para os hospitais Mário Covas, em Sumaré, e Celso Pierro, em Campinas.


SAIBA MAIS

Bactéria: Enterococcus faecium

Como é transmitida: Por meio de contato físico com a pessoa infectada ou por instrumentos
médicos contaminados
O que ela causa: A variante resistente pode causar infecção no rim, na pele, no sangue e no pulmão
Resistência: Por meio de mutações genéticas, a bactéria se tornou resistente a antibióticos. A variante resistente encontrada no HC só responde com eficácia a um tipo de antibiótico, a linezolida
Precaução: No hospital, a superintendência determinou a desinfecção dos leitos e orientação de profissionais para os procedimentos de higiene. Em casa, o controle da limpeza é essencial

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