sábado, 21 de julho de 2007

ACM e a busca do status político

Do blog de Luis Nassif. Os sublinhados são meus. Psrcoelho

21/07/2007

ACM era um coronel modernizador, mas era coronel. Tentava se cercar, sempre, dos melhores quadros técnicos. Quando começou seu reinado, na Bahia, expulsou de lá Rômulo de Almeida e outros grandes planejadores baianos. A Bahia era um exemplo de bons escritórios de planejamentos.

Os quadros técnicos do estado se dispersaram. Parte foi absorvida pelo próprio ACM. Aceitaram o jogo político porque era a única maneira de conseguirem trabalhar. E ajudaram ACM a produzir uma revolução modernizadora, porém parcial, na Bahia.

Salvador virou um brinco, mas tinha zero de tratamento de esgoto. O Pelourinho foi reformado, mas o interior totalmente abandonado. O turismo e a música se tornaram atividades econômicas relevantes. Mas a especulação imobiliária se tornou uma constante em Salvador, sufocando os projetos de Rômulo de Almeida, de urbanização com a apropriação pelo poder público da valorização dos terrenos recuperados.

Quando se aproximou de FHC, ACM se deslumbrou com esse pacto com os políticos tidos como os mais modernos do país. O fato de seu filho Luiz Eduardo desempenhar papel relevante em um governo tido inicialmente como modernizante era motivo de orgulho, mas também de certa ciumeira.

Na verdade, Luiz Eduardo tinha dois ídolos na vida pública: FHC e o maior adversário de ACM, José Serra. Quando FHC decidiu trazer Serra de volta para o governo, oferecendo-lhe o Ministério da Saúde, ACM se opôs fortemente. De viagem para o Rio, estava na sala com um dos porta-vozes de ACM, quando Luiz Eduardo ligou. A pessoa me permitiu acompanhar a conversa. Nela, Luiz Eduardo se insurgia contra o pai, e dizia que FHC tinha que se cercar dos melhores mesmo. E Serra era dos melhores quadros da República.

No fundo, o grande sonho de ACM era o mesmo da primeira geração de empresários que vende a alma para conseguir riqueza; e aspira nobreza para a segunda geração. Luiz Eduardo seria o passaporte da família Magalhães do coronelato para a elite político-intelectual brasileira.

Sua morte abortou completamente o projeto político de ACM. De lá para cá, entrou na contagem regressiva.

Um comentário:

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom