Gestão Serra diz que prova que dá pontos extras será experimental e ocorrerá só no 3º ano
Aumento no número de estudantes da rede pública matriculados na USP é uma das principais bandeiras da reitora Suely Vilela
FÁBIO TAKAHASHI
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL FOLHA
A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo limitou um programa da USP que prevê bônus (pontos extras) no vestibular aos alunos provenientes das escolas públicas.
O programa anunciado pela USP previa a aplicação de provas aos alunos nos três anos do ensino médio público (avaliação seriada), que, somadas, renderiam bônus de até 3% na nota aos alunos no vestibular. A implantação seria gradativa até 2011, começando neste ano pelos alunos do 3º ano do ensino médio (antigo 3º colegial).
A gestão José Serra (PSDB), porém, decidiu que a edição deste ano será "experimental", ou seja, o programa poderá não se repetir já em 2009. Além disso, limitou o exame ao 3º ano.
Segundo a Folha apurou, a secretaria considerou apressada a forma como a universidade anunciou o programa -sem que estivesse totalmente definido com a pasta. Também houve discordância com relação a questões pedagógicas.
A divulgação foi feita em abril deste ano, mas a proposta só foi formalmente encaminhada à secretaria em julho.
A decisão do governo de não aplicar a prova nos três anos do ensino médio é apoiada pelo Conselho Estadual de Educação. Parecer do órgão elaborado pela professora da USP Eunice Durham diz que "a principal objeção (...) reside no fato de que fortalece a tendência a se organizar todo o ensino médio em função do vestibular, ignorando sua função de formação geral para a vida".
O parecer fala ainda em "tramitação tumultuada" da USP. O texto, aprovado no último dia 3, diz que as "iniciativas resultaram em grande pressão para a rápida tramitação do projeto, a fim de se convalidarem as iniciativas que já vinham sendo tomadas".
Procurada para comentar o assunto, a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, disse, por meio de sua assessoria, apenas que o programa será realizado em "caráter experimental".
"Quase insignificante"
O aumento da proporção de alunos de escolas públicas aprovados no vestibular é uma das principais bandeiras da reitora da USP, Suely Vilela. A rede estadual representa 85% das matrículas, mas menos de 26% dos aprovados no exame.
O argumento da USP para propor exames para o bônus nos três anos do ensino médio é o de diluir a pressão para a aprovação no vestibular.
A implantação do projeto de bônus, da forma como foi aprovado pelo governo, custará R$ 1,760 milhão, metade para o Estado, metade para a USP. À secretaria também caberá ceder as salas para aplicar a prova.
Apesar da decisão do governo de fazer a prova só neste ano, até ontem o site da USP sobre o programa dizia que "a partir de 2010 e 2011, o Pasusp [nome do programa] será implantado progressivamente nas outras séries [do ensino médio]".
O parecer do conselho de educação critica também a eficácia das medidas já implantadas pela USP para aumentar os egressos da rede pública na universidade, como um outro bônus, também de 3%, automático para todos da rede pública.
Segundo o relatório, 0,67% dos formados no ensino médio público foram aprovados no vestibular 2006/2007 da USP, proporção que caiu para 0,66% no ano seguinte. O texto diz que "a contribuição da USP para absorção do ensino médio público é quase insignificante".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário