Por João Vergílio
O crime organizado veio para ficar. Não é mais franja, efeito colateral, exceção. Está no centro de todo o sistema. O caso Daniel Dantas está apenas mostrando que a extensão do domínio é muito maior do que imaginávamos. Não porque todos os jornalistas, empresários, juízes e parlamentares que hoje estão, em coro, construindo a absolvição de Dantas estejam diretamente vinculados a ele.
Nem todos estão. Mas, indiretamente, qualquer brecha que torne longínquamente provável o desvendamento de crimes de colarinho branco atinge a todos eles. Estão todos com medo. Ninguém sabe se os "seus" próprios telefonemas foram grampeados.
A própria atitude do Ministro Gilmar Mendes de trocar de celular todas as semanas é sintomática da paranóia que se apossou dos centros de poder. O que é mais estarrecedor é não ver, nessa hora, nada além de atitudes isoladas no parlamento. Fica claro que não há espaço para a constituição de um movimento articulado de resistência no centro do poder. Lá, está tudo dominado, e de maneira irreversível.
Resta saber se nós, aqui da arquibancada, temos alguma capacidade de articulação e reação. Eu duvido que tenhamos. Reina a sensação de que nada mais pode ser feito, de que só nos resta assistir passivamente a esse desfile interminável de vitórias do crime organizado.
Estou convencido de que esta sensação é planemente justificada. Não se pode fazer abolutamente nada, mesmo. Falamos para não enlouquecer. Mas é só isso. A democracia já era. Sobrou só o discurso. Oco.
enviada por Luis Nassif
Nenhum comentário:
Postar um comentário