quinta-feira, 22 de maio de 2008

Grupo identifica gatilho da dengue hemorrágica

Dado pode ajudar no combate de outras doenças

DA REDAÇÃO FSP

Uma descoberta de pesquisadores de Taiwan pode ajudar a combater a dengue e outros tipos semelhantes de vírus, como a febre do Nilo Ocidental e a encefalite japonesa.
Cientistas da Universidade Nacional Yan-Ming (Taiwan) identificaram uma molécula, chamada CLEC5A, que ao interagir com o vírus da dengue em camundongos ocasiona a febre hemorrágica -versão mais letal da doença. Os pesquisadores descobriram que o vírus da dengue "seqüestra" essa molécula das células imunológicas, o que desencadeia uma liberação em massa de citocinas -que são poderosos agentes inflamatórios. Os cientistas já sabem que são eles que causam a inflamação na dengue.
A pesquisa, publicada na revista "Nature", demorou três anos para ser concluída e foi realizada em animais. Os cientistas notaram que, quando a interação do vírus e da molécula é bloqueada com anticorpos, é possível evitar a inflamação sem prejudicar a resposta imunológica do organismo. Além disso, a medida permitiu que 50% das cobaias se livrassem do vírus completamente.
A dengue infecta pelo menos 50 milhões de pessoas por ano em mais de cem países e é uma grande preocupação no Brasil.
Ainda é preciso que esse tratamento passe por diversos procedimentos de validação antes de poder ser aplicado em humanos. Os pesquisadores acreditam que deve levar entre três e cinco anos para o método entrar em teste clínico.
Há quatro tipos de vírus da dengue. Normalmente, as pessoas infectadas pela primeira vez pelo vírus (qualquer um dos tipos) têm a versão mais "leve" da doença. Já no segundo contato com a dengue, há aumento do risco de o paciente desenvolver a versão hemorrágica.
O mecanismo desse tipo mais grave de desenvolvimento da doença ainda não é claro. Pesquisas recentes, por exemplo, mostram que a dengue hemorrágica também ocorre em pacientes infectados pela primeira vez.
Os pesquisadores afirmam que o maior obstáculo atualmente para o tratamento de muitas infecções virais agudas é saber como controlar a inflamação sem atenuar a imunidade contra o vírus.

Sintomas
No Brasil, são observados usualmente três tipos de vírus. Um estudo feito por pesquisadores no Estado do Amazonas, no entanto, mostrou que a dengue tipo 4 voltou ao Brasil, mais de duas décadas após ser registrada em Roraima, em 1982.
O Ministério da Saúde, porém, nega que tenham havido casos recentes.
Os sintomas da dengue clássica são dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articulações, indisposição, enjôos, vômitos, manchas vermelhas na pele e dor abdominal. Eles duram até uma semana.
Já a dengue hemorrágica inicialmente se assemelha à dengue clássica, mas depois do terceiro ou quarto dia de evolução da doença podem surgir hemorragias, dores abdominais intensas, dificuldade respiratória -que podem levar à morte.

CLEC5A is critical for dengue-virus-induced lethal disease

Szu-Ting Chen1, Yi-Ling Lin2,3, Ming-Ting Huang1, Ming-Fang Wu1, Shih-Chin Cheng1, Huan-Yao Lei4, Chien-Kuo Lee5, Tzyy-Wen Chiou6, Chi-Huey Wong3 & Shie-Liang Hsieh1,3,7

1. Department and Institute of Microbiology and Immunology, National Yang-Ming University, Taipei 112, Taiwan

Nature , | doi:10.1038/nature07013; Received 29 February 2008; Accepted 18 April 2008; Published online 21 May 2008

Dengue haemorrhagic fever and dengue shock syndrome, the most severe responses to dengue virus (DV) infection, are characterized by plasma leakage (due to increased vascular permeability) and low platelet counts1, 2. CLEC5A (C-type lectin domain family 5, member A; also known as myeloid DAP12-associating lectin (MDL-1))3 contains a C-type lectin-like fold similar to the natural-killer T-cell C-type lectin domains and associates with a 12-kDa DNAX-activating protein (DAP12)4 on myeloid cells. Here we show that CLEC5A interacts with the dengue virion directly and thereby brings about DAP12 phosphorylation. The CLEC5A–DV interaction does not result in viral entry but stimulates the release of proinflammatory cytokines. Blockade of CLEC5A–DV interaction suppresses the secretion of proinflammatory cytokines without affecting the release of interferon-alpha, supporting the notion that CLEC5A acts as a signalling receptor for proinflammatory cytokine release. Moreover, anti-CLEC5A monoclonal antibodies inhibit DV-induced plasma leakage, as well as subcutaneous and vital-organ haemorrhaging, and reduce the mortality of DV infection by about 50% in STAT1-deficient mice. Our observation that blockade of CLEC5A-mediated signalling attenuates the production of proinflammatory cytokines by macrophages infected with DV (either alone or complexed with an enhancing antibody) offers a promising strategy for alleviating tissue damage and increasing the survival of patients suffering from dengue haemorrhagic fever and dengue shock syndrome, and possibly even other virus-induced inflammatory diseases.

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