quarta-feira, 16 de abril de 2008

Como se fabricam denúncias

Antes de começar a série sobre Veja, minha primeira providência foi informar (aqui) sobre renegociação da dívida da minha empresa com o BNDES – em cima de um financiamento contratado na década passada.

Imaginem se a seguinte situação é verossímil: o BNDES perdoa parte relevante da dívida, um escândalo para ninguém botar defeito, capaz de atrair as atenções do TCU, Ministério Público e companhia. Com essa tremenda vulnerabilidade, inicio uma série contra o esquema mais barra-pesada que a imprensa conheceu, o da revista Veja. Aí, em um assomo de insanidade, antes de começar a série informo, através do Blog, que renegociei a minha dívida. Ou seja, jogo um farol em cima de um suposto ilícito. Começo a série, a revista vai atrás da tal renegociação e não dá uma matéria sequer.

Como interpretar tudo isso? É fácil: essa denúncia do tal “perdão” da dívida é falsa.

O que aconteceu no financiamento do BNDES:

1. Na renegociação em questão, não houve uma concessão sequer, nem redução de dívida, nem redução dos juros nem redução da taxa de juros contratual.

2. Quando há atrasos em pagamentos, em caso de execução o contrato prevê multas e juros de mora.

3. Com a renegociação e retomada dos pagamentos, suspende-se a cobrança de multas e juros de mora. O contrato é retomado com o saldo devedor devidamente atualizado pelos juros e correção contratuais.

4. No novo contrato firmado, os bancos dividem a renegociação em duas parcelas: a Parcela A, que corresponde ao total da dívida corrigida e renegociada; e a Parcela B, com a multa e os juros de mora, que só serão cobrados em caso de nova inadimplência.

5. Essa regra é universal, adotada em todas todas as operações de renegociação de dívida de bancos públicos e privados. Não houve nenhum perdão de dívida, nem redução do principal, nem perdão nem redução dos juros. Por isso, a Veja não fez denúncia nenhuma.

De certo modo, esse esquema barra-pesada vai repetir o que tentou fazer a respeito da minha saída da “Folha”. Meses e meses afirmando que eu havia sido demitido por receber propina. Foi necessário um email do Otávio Frias Filho para o Comunique-se e a Revista Imprensa desmentindo esse factóide.

Agora soltam essa denúncia falsa sobre o BNDES, vão soltar outras e outras e outras, porque é assim que se joga esse jogo pesado. De certa forma é a confirmação, ao vivo e em cores, do que venho alertando através do Blog. É bom, inclusive, para que os leitores entendam melhor o mito que se tentou criar, da mocinha inocente e vulnerável.

Comentário

A única defesa que tenho contra esse jogo pessoal é a capacidade de vocês de difundirem os esclarecimentos contra campanhas difamatórias.

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